As táticas de guerrilha usadas pela esquerda nas campanhas eleitorais são conhecidas de parte do público brasileiro, e nesta semana, um áudio evidenciou a estratégia por um presidente de diretório do PT para tumultuar cultos nas igrejas como forma de “contribuir com a campanha” de Fernando Haddad à presidência.
Um áudio vazado de um grupo petista em aplicativo de troca de mensagens mostra o presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores (PT) de Ubatuba, litoral paulista, Gerson Florindo, pedindo que os militantes da legenda se infiltrem nos cultos das igrejas evangélicas para protestar contra manifestações de apoio ao adversário Jair Bolsonaro (PSL).
“Se a gente organizar aqui um grupo de pessoas, for participar dos cultos nas igrejas evangélicas e ficar atento até o momento em que o pastor se manifestar na área política e fazer defesa do Bolsonaro, a gente faz a contestação dentro da igreja. Levanta-se e fala para ele [pastor] que nós somos contrários. ‘Eu vim aqui para me evangelizar e eu já estou indo embora porque isso aqui misturou política com religião'”, sugere o militante petista.
A ideia de Florindo é, segundo ele próprio, tumultuar: “Eu saio dali, causo um fato na igreja e a gente deixa uma outra pessoa para ver o que o pastor vai falar. Acho que é uma proposta que pode nos ajudar a dar nossa contribuição para a campanha”, acrescentou.
Gerson Florindo foi entrevistado, posteriormente, pelo programa Brasil Notícias, da Rede Aleluia (um grupo de emissoras de rádio ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus) e confirmou que o áudio era dele e que a proposta seria realmente tumultuar o ambiente de culto em igrejas que os pastores expressassem apoio a Bolsonaro.
“Eu tinha como objetivo contrapor o adversário em campanha eleitoral. Ocorre que o áudio foi repassado por pessoas mal-intencionadas. E também não vou retirar a minha crítica. Também não posso concordar com as posições políticas desses pastores”, declarou Florindo.
O programa de rádio colheu um posicionamento do bispo Robson Rodovalho, líder da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra sobre o episódio: “Eu achei um áudio bastante infeliz, mostrando o momento de muita angústia, de muito desespero e, pior ainda, incitando outros a estarem dentro das igrejas disfarçadamente para constranger o ambiente. Então feriria mais ainda o direito constitucional do livre exercício da fé. O livre exercício do culto. A gente assistir ao cerceamento de liberdade de expressão é grave”, lamentou.
O mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) André Assi Barreto, também comentou a postura do militante: “Claramente na intenção de criar confusão, de colocar dúvida na relação entre o fiel e a sua igreja, e o seu líder religioso”, comentou, definindo a estratégia como antiética.