O deputado estadual eleito André Fernandes (PSL-CE) virou alvo de uma ação do Ministério Público Eleitoral (MPE) que pede sua inelegibilidade por suposto abuso de poder religioso. Evangélico, o youtuber foi o candidato mais votado em seu estado, com mais de 109 mil votos, tornando-se o deputado mais jovem no país.
André Fernandes se tornou conhecido por conta de seus vídeos sobre política, onde faz severas críticas à ideologia esquerdista. No segundo turno das eleições presidenciais, o youtuber atraiu holofotes da grande mídia ao confrontar o candidato Fernando Haddad (PT) sobre o descaso com o exemplar da Bíblia Sagrada que foi dada de presente a ele por um eleitor petista durante comício em Fortaleza e posteriormente achada no lixo.
Agora, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE-CE) acusa André Fernandes por conta de suas participações em cultos durante o período da campanha. Segundo informações do jornal O Globo, os dados que fundamentam a Ação de Investigação Judicial Eleitoral são resultado do monitoramento das redes sociais de vários candidatos.
O procurador Anastácio Nóbrega Tahim Júnior acusa André Fernandes de ter se beneficiado de eventos religiosos para fazer “propaganda extraoficial” nas cidades de Iguatu e Maracanaú, no interior do Ceará: “Foi beneficiado com uma espécie de publicidade extraoficial ao ser exaltado no contexto de diversos cultos religiosos, perante milhares de fiéis presentes no local, que lhe propiciou experimentar invejável e ilegítimo favorecimento, em evidente quebra da paridade de armas”, argumenta Tahim Júnior.
Uma das imagens colhidas no Instagram do deputado estadual eleito mostra ele fazendo fotos com os irmãos na fé ao final dos cultos, além de um momento de oração.
Defesa
O deputado eleito, no entanto, nega as acusações do MPE, e explica que durante suas participações nos cultos, não pediu votos: “Simplesmente recebi orações em igrejas, onde não foi falado nada sobre política, sobre candidatura, sobre voto, muito menos meu número. Simplesmente havia oração pela minha pessoa. Não houve abuso de poder religioso, está tudo dentro da lei e minha defesa está trabalhando sobre isso”, afirmou.
A popularidade de André Fernandes, construída através de seu canal no YouTube – onde tem mais de 500 mil inscritos – com vídeos de pensamento crítico sobre a ideologia de esquerda, a atuação da imprensa e outras questões sociais contemporâneas o levou a ser nacionalmente conhecido.
Durante a polêmica envolvendo o cantor pernambucano Johnny Hooker, que afirmou que “Jesus é travesti” durante um show, Fernandes teceu críticas ao artista e agiu oferecendo denúncia ao Ministério Público Federal (MPF). “O Art. 208 do código penal diz claramente que é crime vilipendiar publicamente um ato ou objeto de culto religioso, e a pena é uma detenção de um mês a um ano, ou multa”, escreveu Fernandes em sua página no Facebook, onde tem mais de 1,6 milhão de seguidores.