Pastor da Igreja Presbiteriana, o ministro Milton Ribeiro, responsável por comandar o Ministério da Educação no governo do presidente Jair Bolsonaro, se envolveu em uma polêmica após o vazamento de um áudio onde uma voz atribuída a ele sugere haver o favorecimento de recursos do MEC para pastores aliados ao Planalto.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, diz o áudio atribuído a Ribeiro. “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.
Em nota, porém, Milton Ribeiro negou que tivesse praticado qualquer favorecimento neste sentido. “Não há nenhuma possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou estado”, diz o comunicado.
O texto divulgado pelo ministro, contudo, não explica de forma direta o conteúdo do áudio atribuído ao pastor, ficando restrito apenas à negação das acusações, algo que foi criticado por Silas Malafaia, que cobrou mais transparência e a apresentação de documentos que possam comprovar a versão do governo.
“O ministro é pastor e tem que provar que é honesto”, afirmou Malafaia, segundo o Yahoo!. “Não pode ser genérico nas afirmações. Ele tem que mostrar, com documentos, o que esses dois caras pediram no ministério, se era lícito, o que foi liberado e onde o dinheiro foi parar”, acrescentou o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
O pastor Gilmar, citado na gravação, é o líder da igreja Ministério Cristo para Todos, em Goiânia (GO), denominação ligada à Assembleia de Deus. Como resultado, a Convenção Geral dos Ministros da entidade (CGADB) emitiu uma nota rechaçando qualquer prática supostamente ilegal realizada pelos pastores.
“A CGADB repudia as práticas noticiadas na imprensa, relativamente à intermediação de verbas públicas junto ao Ministério da Educação”, diz o documento. Até o fechamento dessa matéria, o governo federal não sinalizou qualquer decisão sobre os rumores de afastamento do pastor Milton Ribeiro da chefia do MEC.