O campo missionário é amplo e compreende o mundo inteiro. O próprio Jesus Cristo disse que a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos, ilustrando o quanto é difícil ter evangelistas suficientes para atender o grande número de pessoas necessitadas do Evangelho.
Sobre essa questão, o missionário Ron Sanchez possui uma opinião bastante específica. Segundo ele, não faz sentido a Igreja Brasileira se preocupar com o envio de missionários para o exterior enquanto há inúmeras regiões no país carentes de ouvir o Evangelho.
Sanchez fala com conhecimento de causa. Ele é vice-presidente da Jacob’s Well, um projeto missionário originado nos Estados Unidos que atualmente atua também no Nordeste do Brasil, promovendo a qualidade de vida dos locais através da produção de água sustentável.
“O Poço de Jacó viu uma necessidade diferente de abordar o trabalho missionário e de desenvolvimento no Brasil — viu uma necessidade de focar no desenvolvimento do indivíduo e das famílias ao invés de apenas trazer projetos aos quais poderiam ou não dar certo, se as pessoas não conseguissem se desenvolver e levar o projeto por conta própria”, disse Sanchez em entrevista ao Guiame.
Outro ponto importante destacado por Sanchez é sobre a diferença entre caridade e ação evangelística. Para ele, se o trabalho foca em produzir o desenvolvimento e a independência da população, ele vai além da mera questão material. Neste sentido, uma vez que a Palavra de Deus produz libertação espiritual, o auxílio do Poço de Jacó é apenas temporário.
“Eu creio que quando Jesus chamou seus primeiros discípulos, Ele estava tentando ensiná-los a serem pescadores de homens. Ele tem um discipulado e treinamento bem intencionado nas pessoas que Ele chamou para segui-Lo”, disse ele.
“Então você pode ensinar uma pessoa a fazer algo seguindo uma receita, mas quando ensinamos uma pessoa a usar ferramentas ou recursos que ela tem, a maior lição que ela terá é aprender a se desenvolver de forma que ela mesma poderá resolver seus problemas”, destacou..
“Então a diferença entre o desenvolvimento do CHE e a caridade são os investimentos de longo prazo no indivíduo e nas famílias, e não um único investimento em recursos. É um investimento a longo prazo”, completa Sanchez.
Finalmente, o missionário conclui dizendo que através do trabalho no Nordeste percebeu que o Brasil possui um vasto campo missionário ainda não explorado, uma necessidade que deveria ser encarada como prioridade pelas igrejas do país.
“Acho difícil justificar o envio de seus missionários pelo mundo quando, aqui no Nordeste do Brasil, não há meios apropriados [em algumas comunidades] para ouvir sobre o Evangelho ou para serem ensinados sobre a Bíblia”, diz Sanchez.
“Então sim, eu acho que a Igreja Brasileira tem uma grande responsabilidade em alcançar seu próprio povo”, conclui.