A situação de exploração vivida pelas crianças da região Norte do Brasil, denunciada pela pastora Damares Alves, foi comentada por um missionário que atua em projetos humanitários voltado para crianças, e confirmada por ele.
O missionário Max Dacampo, integrante da ONG Jethro International, que realiza um trabalho com ribeirinhos, confirmou o relato da ex-ministra afirmando que suas experiências no campo missionário condizem com o cenário descrito por Damares:
“Muitas pessoas vieram me perguntar sobre o vídeo da Damares, se aquilo era verdade. Eu estive na Turquia trabalhando com crianças refugiadas da guerra da Síria, eu vi e ouvi coisas terríveis, que nem vou falar aqui. Depois da Turquia eu fui para Brumadinho, depois do rompimento da barragem, onde fiquei três anos. Eu vi e ouvi histórias que nem podem passar pela cabeça de vocês”, introduziu, indicando que o cenário de exploração infantil não é restrito à região Norte do Brasil.
Ele descreveu detalhes cruéis de coisas que testemunhou: “Eu vi e ouvi histórias sobre crianças do Amazonas terríveis. Histórias de crianças que fazem sexo oral por 5 reais. Por que você nunca ouviu falar disso? Porque você não levanta a bunda da cadeira da sua igreja para saber o que está acontecendo lá fora”, desabafou.
Dacampo acrescentou que há possibilidade de o cenário ser mudado, mas depende de ação de pessoas indignadas: “O que mais me dói o coração é saber que tem muita gente que pode ajudar e fazer a diferença, mas não faz nada”.
O relato de Damares Alves, pode despertar a igreja para se unir e agir, segundo Dacampo: “Sabe qual é o seu chamado? O que te causa indignação. Se isso não te causou indignação, se você não chorou vendo esse vídeo, você não ama ninguém”.
“Somos agentes de Cristo na terra, é nossa obrigação lutar contra as injustiças e ajustar o que está errado. Chegou a hora da gente se unir e apoiar os missionários que estão no campo, abandonados, trabalhando com as crianças”, finalizou.
A repercussão da denúncia da pastora e ex-ministra levou a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e o Ministério Público Federal do Pará (MPF) a solicitar que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) informe todas as denúncias recebidas pela pasta, em trâmite ou não, nos últimos sete anos.
Segundo informações da Gazeta do Povo, o MMFDH esclareceu em nota que as declarações da ex-ministra são fundamentadas em numerosos inquéritos instaurados para apurar fatos gravíssimos praticados contra crianças e adolescentes no país, e acrescentou que o programa “Abrace o Marajó” foi criado justamente como resposta à vulnerabilidade social, econômica e ambiental, e que desde 2020 cerca de R$ 950 milhões foram investidos em iniciativas para o desenvolvimento econômico e social do arquipélago: “Esta pasta tem total ciência da gravidade do problema e age diuturnamente para combater essa e outras práticas criminosas”.
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