O pastor Rodrigo Mocellin comentou a estratégia da militante de esquerda que propôs se infiltrar nas igrejas evangélicas e usar a Escola Bíblica Dominical (EBD) para doutrinar crianças, observando que essa é uma ação que vem sendo colocada em prática há anos.
O vídeo que mostra advogada Laura Astrolabio durante uma live com outros ativistas de esquerda se tornou viral nas redes sociais. Ela diz que a militância “tinha que se infiltrar nas igrejas” e usar a “escolinha dominical” para incutir a ótica marxista nas crianças e através dos filhos, doutrinar os pais.
Mocellin, valendo-se de ironia, disse: “Quero te tranquilizar. O que ela está falando não vai acontecer. Já aconteceu, faz tempo. A esquerda não vai entrar, ela já entrou, e já aliciou muita gente”.
O pastor e youtuber resgatou um texto do Novo Testamento para falar sobre a situação: “A Bíblia já anuncia, há muito tempo, o perigo dos dissimulados que entram no nosso meio para tentar nos corromper. Judas 1.4: ‘Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo’”.
“São esses que agem sorrateiramente dizendo ‘sou crente; eu creio em Jesus’, e logo em seguida usam Jesus para nos afastar de Jesus. Tentam usar Jesus, obviamente. Esses são mais perigosos do que aqueles que declaradamente se opõem a Jesus”, observou.
As estratégias
Fazendo uma breve recapitulação de um dos pontos de origem do movimento de esquerda, Mocellin frisa que houve uma mudança de abordagem, abandonando a violência para adotar a subversão:
“Em se tratando da esquerda, você tem os revolucionários, que eram aqueles que queriam mudar a sociedade do dia para a noite, de modo violento, e toda uma galera que, ao invés disso, propõe um outro caminho, que é operar mudanças graduais. Se Marx recomendaria pegar um pastor e matar no paredão, a nova esquerda recomenda fazer o que essa moça falou”, contextualizou.
No vídeo, o pastor resgata outros fatos históricos e a origem de movimentos subversivos: “Toda a fala dessa moça me lembra os socialistas fabianos da Inglaterra. A sociedade fabiana tem esse nome em homenagem a Quintus Fabius Maximus, general romano que derrotou Aníbal na segunda guerra púnica. Como? A estratégia era não fazer confrontos diretos e em larga escala. Ele preferia cansar seus oponentes, agir de maneira sorrateira”.
“É exatamente isso que os socialistas fabianos fizeram. ‘Nada de enfrentamento direto aos nossos inimigos do socialismo’. O negócio era sorrateiramente condicionar a sociedade a pensar de maneira socialista sem que ao povo ao menos notasse isso. Obviamente com apoio da Igreja, por exemplo. Antes, queimavam igrejas. Agora, se utilizam da igreja como palanque para implantar suas ideias”, complementou.
Influência antiga
“A questão é que essa moça está falando de notícia velha, gente. Isso já aconteceu. Você duvida que a esquerda já se infiltrou e já influenciou inúmeras igrejas? Basta olhar inúmeras pautas esquerdistas que são claramente antibíblicas e estão presentes nas igrejas. Um exemplo disso é o pastorado feminino. Não estou citando isso para pegar no pé. É que é uma coisa muito simples e fácil de perceber os tentáculos do feminismo na igreja, porque o feminismo é só um braço da esquerda”, criticou Mocellin.
Ele embasa seu argumento usando comentários de um respeitado teólogo e escritor norte-americano: “Até 1850 não havia uma pastora sequer em todo o mundo, declara Wayne Grudem. Não havia nenhuma pastora em nenhuma igreja do mundo. Mas aí, olha que coincidência, em 1948 aconteceu a primeira reunião oficial do movimento feminista, em Seneca Falls, e aí passagens claras como ‘não permitam que a mulher ensine ou exerça autoridade de homem’ foram reinterpretadas. Ou ignoradas. Alguns até disseram ‘isso aqui, Paulo errou’”.
Em sua conclusão, Mocellin reitera sua percepção de que a igreja evangélica vem sofrendo desvios graduais por influência da cultura secular: “Mas há muitas outras coisas que são oriundas da esquerda e estão presentes em boa parte das igrejas hoje. O repúdio, por exemplo, de mulheres cristãs pela maternidade, pelo lar. É mais um exemplo de como a esquerda já se infiltrou faz tempo”.