A tradição evangélica pentecostal de ir ao monte orar ganhou destaque essa semana com o caso do “Monte da Cordinha”, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde fiéis vão ao local nas madrugadas em busca de curas.
Localizado à beira da rodovia Cândido Portinari, o monte ficou conhecido por esse nome devido a uma corda amarrada às árvores que improvisa um corrimão e ajuda os fiéis que vão ao local “encontrar Deus” a escalar o terreno íngreme.
Ao todo, existem 12 clareiras abertas ao longo do monte. Nestes espaços, bancos improvisados com pedras, madeira e bambu acolhem os fiéis que se organizam para orar, ler a Bíblia Sagrada e conversar sobre a fé cristã.
O jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem sobre essa tradição evangélica pentecostal e destacou que muitos fiéis levam sacos de dormir e passam dias e noites no local orando por curas e milagres.
“Quando fui, tinham medo que eu pudesse cair e despencar de lá, mas fui com um propósito e cheguei”, contou Francine de Arruda da Silva, 38 anos, enfermeira que há dez anos convivia com o diagnóstico de síndrome do pânico.
Tomando medicação controlada, Francine vivia contrariada com sua rotina, pois os remédios a deixavam com tontura: “Não queria ficar viciada em remédio. Então, resolvi ir ao monte pedir pela minha saúde e desci curada”, testemunha a fiel.
Um dos pastores que costumam reunir grupos para as vigílias no monte é Givaldo Lima. À reportagem da Folha, o pastor afirmou que o “Monte da Cordinha é abençoado”. A fama do local tem atraído cada vez mais fiéis de diversas denominações pentecostais.
O professor Edin Sued Abu Manssur, que leciona Sociologia da Teologia na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, afirmou que a prática religiosa de ir orar nos montes “é comum entre os pentecostais e tem raízes bíblicas”, e afirmou que esses locais não são raros: “Há vários locais desse tipo na região do ABC paulista, por exemplo”, descreveu.