A morte do pastor Anderson do Carmo completou um mês nesta terça-feira, 16 de julho, e o crime continua sem solução, embora a Polícia Civil do Rio de Janeiro já tenha avançado: solicitou ao STF autorização para investigar a deputada federal. Enquanto isso, um novo laudo confirma que a arma encontrada na casa de Flordelis (PSD-RJ) teria sido usada no assassinato de seu marido.
Essa conclusão – apontada inicialmente por testes preliminares – foi reiterada nós um confronto balístico do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). A pistola realmente foi usada para efetuar os disparos que ceifaram a vida do pastor Anderson, que era presidente do Ministério Flordelis e secretário estadual do PSD no Rio de Janeiro.
Até agora foram presos dois filhos do casal: Flávio dos Santos Rodrigues, 38 anos (fruto de um relacionamento anterior de Flordelis) e Lucas Cezar dos Santos Souza, 18 anos, adotivo. Os investigadores chegaram a anunciar uma confissão de Flávio, mas os advogados contratados pela deputada federal questionaram a validade do depoimento, que foi dado sem a presença dos defensores.
Segundo informações do jornal O Dia, a pistola encontrada dois dias depois da morte no quarto do Flávio tem calibre 9mm. Quando a arma foi localizada, a delegada-titular da Delegacia de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), Barbara Lomba, declarou que havia uma forte possibilidade de que se tratava da arma do crime.
Agora, essa comprovação foi feita pelo ICCE, que emitiu laudo atestando que os projéteis encontrados no corpo do pastor foram disparados por aquela pistola.
O mesmo instituto efetuou um exame e comprovou que os cães da família não foram dopados no dia da morte de Anderson do Carmo. Essa era uma hipótese aventada pelos investigadores, já que os vizinhos e testemunhas não relataram latidos. Com o laudo do ICCE sobre os cães, a suspeita de que os disparos tenham sido feitos por uma pessoa do convívio familiar é reforçada.
Esse laudo também foi anexado às investigações, mas a Polícia Civil mudou de estratégia e tem evitado confirmar as informações obtidas pela imprensa, alegando que os trabalhos seguem sob sigilo.
STF
Como é deputada federal, Flordelis não pode ser investigada sem uma autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). Um pedido ao presidente da Corte, ministro José Dias Toffoli, foi realizado pela Polícia Civil e o Ministério Público.
Enquanto aguardam uma decisão de Toffoli – o presidente do STF fica responsável por julgar processos durante o recesso – os investigadores revisam o caso, que consideram praticamente solucionado. Quando Toffoli decidir, a partir dos indícios apresentados, se Flordelis deve ser investigada, o caso poderá ser encerrado rapidamente.
Nos bastidores, a Polícia Civil tem expectativa de que a autorização de investigação de Flordelis saia nesta semana. Caso aconteça, o resultado dos trabalhos conjunto com o MP deverão ser revelados em seguida, apontando inclusive a motivação do crime.
“A informação traz nova luz à investigação, apontando que os policiais da DHNSG acreditam no envolvimento da parlamentar no crime e podem ter encontrado indícios de sua participação. Entretanto, como o caso corre em sigilo, as possíveis definições ainda estão no campo da suposição”, afirmou o jornalista Rafael Nascimento, no jornal O Dia.
Sogra de Flordelis
O advogado da família do pastor Anderson do Carmo quer que a mãe dele preste depoimento, e para isso, ele revelou que a levará à DHNSG para que ela converse com a delegada Barbara Lomba.
“Estamos querendo ajudar nas investigações e acredito que ela tenha informações que possam ajudar”, disse Ângelo Máximo na tarde da última segunda-feira, 15 de julho, acrescentando que a viúva do pastor estaria tentando atrapalhar as investigações do caso transmitindo “informações inverídicas” à imprensa.