O Ministério Público moveu uma ação contra o pastor da Igreja Universal, Edson Praczyk, deputado estadual no Paraná pelo PRB, acusando-o de manter funcionários fantasmas.
Praczyk é o mesmo pastor que insinuou que uma jornalista investigativa teria feito favores sexuais para obter a informação sigilosa sobre a investigação que ele enfrentava.
Na ação do MP, além do pastor, são denunciadas sua esposa, Rosária Tobias Praczyk, e uma ex-funcionária do gabinete dele na Assembleia Legislativa, que trabalhou com ele entre 2000 e 2004, de acordo com informações do Bem Paraná.
O MP pede que a Justiça obrigue Edson Praczyk, sua esposa e a ex-funcionária a devolverem R$ 20 milhões aos cofres públicos, além de determinar o bloqueio dos bens deles.
Micheli Borges da Silva, a ex-funcionária, confirmou aos promotores que repassava parte do salário que recebia à Rosária Praczyk, e que mesmo depois de sair do gabinete, ainda teve que fazer depósitos ilegais sob ordens do pastor.
De acordo com a investigação do MP, o casal Praczyk ficava com partes dos salários de pelo menos 22 pessoas contratadas no gabinete, e em alguns casos, eles ficavam com 100% dos salários que deveriam ser repassados aos servidores. Ou seja: os funcionários que não recebiam eram fantasmas.
O Ministério Público acusa ainda que esses fantasmas eram pastores ou parentes de pastores da Igreja Universal do Reino de Deus. Um deles, Valdemir Soares, além de pastor da denominação é um ex-vereador de Curitiba, que renunciou ao mandato após ser flagrado votando no lugar de uma colega na Câmara de Vereadores.
“Foi criado um esquema no gabinete para desviar recursos oriundos da Assembleia Legislativa do Paraná, através da indicação, nomeação e inclusão de ‘funcionários fantasmas’ na folha de pagamento”, afirmaram os promotores.
O esquema teria desviado aproximadamente R$ 5 milhões, o que teria enriquecido os três réus. O MP solicitou à Justiça que seja estabelecida multa de R$ 15 milhões, totalizando R$ 20 milhões de ressarcimento aos cofres públicos.
Os advogados do pastor e sua esposa afirmaram estranhar o fato de a denúncia ter sido apresentada tanto tempo depois de os fatos terem acontecido, e afirma ainda que os dois não foram citados ou informados sobre as investigações.
Através de nota, a Igreja Universal afirmou “que qualquer integrante do corpo eclesiástico – bispos e pastores – que decida ingressar em carreira política, obrigatoriamente, licencia-se da Igreja e passa a se ocupar exclusivamente da atividade pública”, e acrescentou que irá acompanhar os desdobramentos das investigações: “A Universal sempre procura avaliar se a conduta do pastor, ainda que licenciado, continua compatível com os preceitos éticos e morais exigidos de seus membros”.