A República Argelina Democrática e Popular, ou simplesmente Argélia, como é conhecida internacionalmente, é um país localizado na África do Norte, possuindo a maior população da costa do Mediterrâneo, sendo 99% dela composta por adeptos da religião islâmica.
O aumento da perseguição religiosa aos cristãos se intensificou com o início das campanhas eleitorais no país esse ano. A presença de um partido mais aberto à diversidade religiosa, como é o MSP, que é de oposição, fez com que os poucos cristãos que existem no país sejam vistos como ameaças ao regime de maioria muçulmana.
“Desde novembro do ano passado eles vêm fechando as igrejas, dizendo que são ilegais”, disse Ali Khidri, presidente da Sociedade Bíblica da Argélia. A opinião do líder cristão não é isolada. Ele e outros dois pastores, Mustafa Karim e Youssef Ourahmane, todos membros da Associação das Igrejas Protestantes da Argélia, entendem que há uma perseguição religiosa sistêmica, partindo do próprio governo argelino:
“As pressões aumentaram significativamente desde o final de 2017, quando os inspetores do governo passaram a exigir licenças autorizando o culto não-muçulmano”, afirma um relatório publicado por organizações como a Portas Abertas e Middle East Concern, que monitoram o nível de perseguição religiosa no mundo.
Às entidades afirmam que o não cumprimento das obrigações pode acarretar multas que variam de U$ 1,400 à 4.200 dólares. A intenção do Governo é impedir o “proselitismo religioso”, contrário à doutrina islâmica. Na prática, portanto, se trata de uma tentativa de impedir o avanço do cristianismo, que é plural e democrático.
A rede de TV cristã via satélite SAT-7 confirma essa noção, ao dizer que há uma tentativa do poder público de negar o crescimento do cristianismo: “O governo não quer admitir a possibilidade de sermos 2 ou 3 milhões de cristãos. Isso seria demais para eles controlarem”, disse a rede em comunicado.
A situação dos cristãos no país é delicada, pois não se trata apenas de uma luta contra grupos isolados na Argélia, mas contra organizações do próprio Governo. O pastor Ali Khidri deixa evidente o motivo dessa perseguição:
“Eles não querem mais que existamos na Argélia. O objetivo deles é ver todas as igrejas fechadas”, disse ele, confirmando a divulgação de um relatório publicado pela agência CSW, apontando que o aumento da intolerância religiosa está diretamente relacionada à conversão islâmica:
“Nas últimas duas décadas, o crescimento do número de muçulmanos convertidos ao cristianismo tornou-se um tópico amplamente divulgado e regularmente debatido na mídia argelina. As atitudes anticristãs são comuns nos meios de comunicação, particularmente aqueles ligados a movimentos nacionalistas islâmicos e árabes”, apontou o Christian Today.