A figura de linguagem usada pelo presidente Jair Bolsonaro para se referir à situação da Operação Lava-Jato e o combate à corrupção se tornou motivo de polêmica na imprensa e o pastor Silas Malafaia aproveitou para comentar o assunto, apontando que o mandatário poderia ter se expressado melhor.
A frase que suscitou polêmicas fez parte de um discurso do presidente no Palácio do Planalto: “Dizer a essa imprensa maravilhosa nossa que eu não quero acabar com a Lava-Jato, eu acabei com a Lava-Jato porque não tem mais corrupção no governo [federal]”, disse Bolsonaro.
“Eu até entendo o que o presidente está querendo falar, por que você sabe, comunicação não é o que você fala, é o que o outro entende. Eu entendo que ele está falando em relação ao governo dele, que não precisa de Lava-Jato. Se é isso que eu estou entendendo. E de fato, o governo dele tem mais de 600 dias, não tem nenhuma notícia de corrupção. Não estou dizendo que não tenha, porque uma máquina monstruosa dessa… mas, as principais pessoas, o primeiro escalão de seu governo, incluindo ele, não tem nenhuma notícia de corrupção”, comentou Malafaia.
O pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) lembrou a importância da operação: “A Lava-Jato foi criada por quê? Foi criada para investigar mais de 20 anos de corrupção na estrutura de governos do Brasil. Um verdadeiro câncer na política brasileira. Eu reconheço que tem até alguns erros que a Lava-Jato cometeu. É por isso que a Justiça tem instâncias, para confirmar os acertos e corrigir os erros. Mas, na verdade, a Lava-Jato é um símbolo, não apenas um símbolo, é um patrimônio do povo brasileiro contra a corrupção”.
“Sinceramente, eu acredito que o presidente está usando uma força de expressão para falar do seu governo, porque na verdade, nenhum governante, nem presidente da República, ninguém do Poder Executivo, tem autoridade para acabar ou encerrar a Lava-Jato”, acrescentou. A operação, na visão do pastor, “não acabou, está em pleno vapor e só vai terminar quando todos os trâmites legais na Justiça forem obedecidos”.
Críticas
Silas Malafaia aproveitou para reiterar que o apoio a Bolsonaro não é irrestrito: “Nem a direita, nem os conservadores são burros. O que nós não somos é puxa-saco, bajuladores, e não vamos repetir aquilo que a esquerda faz: culto a personalidades, a autoridades. Crítica faz parte de pessoas inteligentes”.
“Por favor, não venham comparar o caso de Mandetta e de Moro com o caso do atual indicado do STF. Mandetta e Moro são cargos transitórios. Esse é vitalício e tem que ter afinidade total, não apenas com a pessoa do presidente, mas com a sua ideologia, com aquilo pelo qual o povo votou. E tem mais: vida limpíssima”, cobrou o pastor.