A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade atualmente presidida pelo ex-candidato a vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT) Felipe de Santa Cruz Oliveira Scaletsky, pediu a investigação do juiz Marcelo Bretas, responsável pelos julgamentos da operação Lava Jato no estado, por ele ter participado de um evento com o presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades políticas.
O evento ocorreu no último sábado (15). Ao lado de Bolsonaro e do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), Bretas participou da cerimônia de inauguração da alça que liga a ponte Rio-Niterói com a Linha Vermelha. Na sequência houve um culto evangélico, onde foram entoados louvores e orações a Deus.
Por causa disso, a OAB pediu ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que abra uma investigação contra o magistrado, alegando que ele “demonstrou conduta de caráter político-partidária”, informou o Valor.
Ainda segundo o jornal, o pedido de abertura de inquérito assinado por Felipe Santa Cruz, que foi filiado ao PT por oito anos, alega que houve uma “afronta à vedação constitucional, como acompanhou a comitiva presidencial desde a chegada na cidade do Rio de Janeiro, publicando, ainda, postagens com manifestação e apreço nas redes sociais”.
Outro lado
Marcelo Bretas, por sua vez, publicou uma “Nota de Esclarecimento” em suas redes sociais, argumentando que não cometeu qualquer ilegalidade.
“Recebi do Sr Presidente da República o honroso convite para acompanhá-lo em sua agenda oficial no Rio de Janeiro”, escreveu o juiz. “Convite aceito, por orientação do Cerimonial, dirigi-me à Base Aérea do Santos Dumond para recepcionar o representante do Estado Brasileiro, e integrar a comitiva presidencial a partir de então.”.
“Esclareço que não fui informado de quantas e quais pessoas participariam das referidas solenidades (políticos, empresários etc), bem como que realizei todos os deslocamentos apenas na companhia do Sr Presidente da República”, acrescentou.
O juiz ainda lembrou que professa a fé cristã evangélica e gosta de participar de cultos a Deus, destacando que não é estranha a participação de magistrados em solenidades envolvendo representantes de outros poderes.
“A participação de autoridades do Poder Judiciário em eventos de igual natureza dos demais Poderes da República é muito comum, e expressa a harmonia entre esses Poderes de Estado, sem prejuízo da independência recíproca”, escreveu Bretas em sua conta no Twitter.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
— Marcelo Bretas (@mcbretas) February 18, 2020
Na tarde do último dia 15 de fevereiro, recebi do Sr Presidente da República o honroso convite para acompanhá-lo em sua agenda oficial no Rio de Janeiro.