Um comentário do então presidente Barack Obama sobre proteção à vida de bebês durante a gravidez, assim como o casamento, estão viralizando novamente nas redes sociais.
A declaração de Obama, em 2015, era baseada em sua “própria fé cristã”, com ênfase em propostas progressistas, e foi feita à Cúpula Católico-Evangélica de Liderança.
Na ocasião, Obama afirmou que as igrejas deveriam dedicar menos tempo ao combate ao “aborto e à união entre pessoas do mesmo sexo”.
Conforme informações do LifeSite News, Obama fez uma palestra sobre pobreza na Universidade de Georgetown, e criticou as igrejas pela forma como elas se envolvem politicamente, concentrando-se em “questões de divisão”, como proteger a vida e preservar o casamento.
Obama disse: “Quando se trata do que você realmente está indo para a luta, qual é a questão definitiva, quando você está falando em suas congregações, qual é a coisa que realmente vai capturar a essência de quem somos como cristãos, ou como católicos, ou o que você tem, [a pobreza] é muitas vezes vista como um ‘prazer em ter’ em relação a uma questão como o aborto”.
Relativismo
Embora a religião cristã tenha rejeitado o aborto desde a sua fundação, e sempre tenha considerado a homossexualidade um pecado grave, tradicionalmente nenhuma teoria econômica do estado de bem-estar social foi endossada pela Igreja Cristã.
Durante sua campanha para presidente, em 2008, Obama se posicionou levianamente sobre a questão do aborto, dizendo ao pastor e escritor Rick Warren que saber quando a vida humana começa estava “acima da minha alçada”.
Por outro lado, o discurso no evento serviu para Obama argumentar que as igrejas ganhariam mais seguidores se adotassem a ideia “poderosa” de ajudar os que estão na pobreza: “Eu acho que seria poderoso para as nossas organizações religiosas falarem sobre [a pobreza] de uma maneira mais vigorosa”, disse ele.
Ele também disse que advogar a redistribuição de riqueza é “vital para seguir o que Jesus Cristo, nosso Salvador, falou”, inaugurando uma estratégia que, cinco anos depois, seria usada por Lula, que pretende influenciar as igrejas ensinando evangélicos a “ler e interpretar” a Bíblia.
“Rejeito a premissa dele”, comentou Stan Guthrie, editor geral da revista Cristianismo Hoje. “Pessoas de fé já fazem muito mais pelos pobres do que esquerdistas seculares”, acrescentou, alfinetando o político do Partido Democrata.
Os comentários de Barack Obama, disse ele, exemplificam “inacreditável ignorância” sobre o assunto.
Influência e distorção
A cena incomum do então presidente criticando igrejas por enfatizarem doutrinas tradicionais abriu a questão, já à época, de questionar se a esquerda pretendia influenciar, persuadir ou intimidar os cristãos a alterarem suas crenças morais fundamentais.
As declarações de Obama vieram logo após a então candidata Hillary Clinton declarar que as crenças religiosas contra o aborto precisavam ser mudadas”. Ela já havia comparado a crença de que a homossexualidade é imoral com “homenagear assassinatos, queimar viúvas ou mutilar a genitália feminina”.
Obama admitiu que o foco na pobreza, com exclusão de questões morais, como o aborto, seria politicamente vantajoso para os democratas nas eleições, que um ano depois seria realizada, com Hillary Clinton sendo derrotada por Donald Trump.
As igrejas que adotavam a ênfase sugerida por Obama, em questões como redistribuição econômica ou mudança climática, tiveram uma perda acentuada de membros, de acordo com um estudo do Pew Research Center sobre o declínio do cristianismo no país.
Obama também criticou a Fox News por divulgar detalhes dos programas de assistência social e ajuda governamental, declarando: “Vamos ter que mudar a maneira como a mídia divulga essas questões”. Em outras palavras, o então presidente expressava o mesmo desejo que seu colega brasileiro, Lula, sobre o controle da mídia.