A divulgação da última pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, sobre a intenção de voto para a Presidência da República, despertou séria preocupação nos líderes da campanha de Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), e grande parte dela diz respeito ao que o jornal Folha de São Paulo chamou de “onda evangélica”.
A nova pesquisa do Datafolha divulgada na última segunda-feira mostra Jair Bolsonaro (PSL) com 32% das intenções de voto, enquanto o candidato petista Fernando Haddad aparece com 21%. Isso representa um aumento de quatro pontos para o capitão reformado e uma leve queda para seu adversário mais próximo.
Segundo a Folha, a cúpula do PT se reuniu nesta terça-feira (2) para analisar os resultados da pesquisa, inclusive uma realizada pelo próprio partido, e verificaram que a intenção de voto em Bolsonaro cresceu, inclusive, entre o público feminino, considerado pelos adversários a maior dificuldade do candidato.
Mulheres mais pobres e evangélicas, que ganham até dois salários mínimos, representam a parcela feminina de maior apoio a Jair Bolsonaro, somando aos votos já mais consolidados do público masculino.
A campanha petista teme a possível vitória de Jair Bolsonaro já no primeiro turno, e para isso pretende nos próximos três dias, especialmente no debate presidencial que será realizado pela TV Globo nesta quinta (4), adotar um discurso mais focado na população pobre, apelando para os temas econômicos através de linguagem mais simples.
Influência dos líderes evangélicos
Ainda segundo a Folha, os petistas creditaram o crescimento de Bolsonaro ao apoio recebido de importantes líderes evangélicos nos últimos dias, como Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, os pastores Cláudio Duarte, Samuel Câmara e José Wellington, presidente emérito da Assembleia de Deus (CGADB).
Pastores que já haviam declarado apoio também intensificaram suas manifestações nos últimos dias, como Silas Malafaia e André Valadão. Além deles, o apóstolo Rina, da Igreja Bola de Neve, Estevam Hernandes e a bispa Sônia Hernandes também resolveram entrar na campanha em favor de Bolsonaro.
Voto anti-PT
O levantamento realizado pela campanha petista mostrou também a tendência de migração do eleitorado dos candidatos Geraldo Alckmin e Marina Silva para Jair Bolsonaro, o chamado “voto útil” que, nesse caso, teria como objetivo barrar o retorno do PT ao poder.
O principal reduto de apoio petista está entre os mais pobres, mas até nesse segmento os aliados de Haddad perceberam uma queda na aceitação do substituto do ex-presidente Lula, que atualmente se encontra preso em Curitiba pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.