Durante o tempo em que esteve preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, o jornalista evangélico Oswaldo Eustáquio compartilhou a Palavra de Deus com um dos hackers presos por vazar mensagens do ex-juiz Sérgio Moro.
O episódio conhecido como “Vaza Jato” expôs mensagens trocadas entre o então juiz Sérgio Moro e os procuradores da Operação Lava-Jato no Paraná. Thiago Eliezer Martins Santos, apelidado de Chiclete, foi um dos presos pela Polícia Federal durante a investigação sobre a invasão nos celulares dos integrantes da força-tarefa.
Oswaldo Eustáquio foi preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante investigações do “inquérito das fake news”, que tem buscado encontrar possíveis crimes que teriam sido cometidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, mas tem resultado apenas em censura e extrapolação de parâmetros legais.
O jornalista – tratado pela grande mídia como blogueiro – era um crítico da “Vaza Jato”, mas terminou fazendo amizade com Chiclete e deu a ele um exemplar da Bíblia Sagrada na carceragem da PF, conforme relato feito por seu advogado, Paulo Goyaz, à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
“Ele [Eustáquio] não entrou em detalhes. Mas agradeceu a atenção do pessoal da carceragem da PF, que os tratou muito bem”, conta Goyaz.
‘Não há crime’
Após deixar a cadeia, Oswaldo Eustáquio concedeu uma entrevista ao programa Os Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, e afirmou que suas críticas ao STF nunca foram no sentido de fechar a instituição, mas para que os ministros fossem trocados por sua postura ao longo dos últimos anos.
Evangélico, o jornalista contou que é um conservador e por sua jornada de fé não poderia ser diferente, e sempre deixou isso claro em sua atuação profissional, como forma de contextualizar seus pontos de vista para quem acompanha seu trabalho.
Os jornalistas José Maria Trindade, Guilherme Fiuza e Victor Brown, além da comentarista convidada Ana Paula Henkel, expressaram indignação com a medida de censura prévia imposta por Alexandre de Moraes, que determinou a soltura de Eustáquio por falta de elementos para mudar a prisão de temporária para preventiva, mas o proibiu de usar as redes sociais, principal ferramenta de trabalho do investigado.
“Eu não sou acusado de nenhum crime […] eles me prenderam, fizeram busca e apreensão na casa da minha esposa, na minha casa, no hotel onde eu estava, em trânsito, e não descobriram nada. Porque não descobriram nada? Porque não há nada”, argumentou.
“Meu futuro profissional, vai ser com jornalismo profissional, aquilo que eu aprendi a fazer. Hoje eu não tenho nada, mas eu creio que se até os lírios dos campos têm o que vestir, se até os passarinhos têm o que comer, eu creio que Aquele Deus que eu tenho, o Altíssimo, que é chamado maravilhoso, conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, príncipe da paz, vai prover meios para, depois que eles tentaram me calar – eu só tinha um celular e um computador –, vou montar um grande estúdio aqui em Brasília, para fazer jornalismo profissional”, declarou o jornalista.