A Igreja Católica está atravessando um momento de turbulência por causa de sua postura a respeito da homossexualidade. Nos últimos dias, duas situações opostas envolvendo representantes da denominação ocuparam as manchetes da imprensa mundial.
O papa Francisco, na abertura do Sínodo no último domingo, 04 de outubro, afirmou que o casamento é uma instituição formada pela união de um homem e uma mulher, que dá um “real significado do [termo] casal e da sexualidade humana nos planos de Deus”, o que reforçou a visão da maioria absoluta dos cristãos a respeito desse assunto.
No entanto, um dia antes, o Vaticano precisou emitir um comunicado sobre a fala do padre polonês Krysztof Olaf Charamsa anunciando sua homossexualidade e admitindo ter um companheiro.
“Sei que terei de renunciar a meu ministério, apesar de ser a minha a vida”, declarou. “Sei que a Igreja me verá como alguém que não soube cumprir com seu dever (castidade), que se extraviou e, se não fosse pouco, não com uma mulher e sim com um homem!”, acrescentou.
A declaração do padre Charamsa, feita ao jornal italiano Corriere della Sera causou rebuliço na sede da Igreja Católica, e o porta-voz do Vaticano estranhou a oportunidade: “A escolha de fazer uma declaração tão impactante um dia antes da abertura do sínodo é muito grave e irresponsável […] porque tenta submeter à assembleia dos bispos a uma pressão midiática injustificada”, disse o padre Federico Lombardi. “Evidentemente, o monsenhor Krysztof Olaf Charamsa não poderá continuar desempenhando suas funções precedentes na Congregação para a Doutrina da Fé”, acrescentou.
Já durante o Sínodo, Francisco reiterou a posição da Igreja Católica sobre a homossexualidade evidenciada durante sua visita aos Estados Unidos: “Esse é o sonho de Deus para sua amada criação: vê-la na união amorosa entre um homem e uma mulher, regozijando-se em sua jornada compartilhada, fecunda em sua doação mútua”, disse o papa.
Como é comum de seu discurso, Francisco destacou que os seguidores de Jesus Cristo devem ser compassivos com quem vive de forma diferente do que prega o Evangelho: “A igreja deve procurá-lo, aceitá-lo e acompanhá-lo, porque uma Igreja com as portas fechadas trai a si mesma e a sua própria missão, e, em vez de ponte, torna-se barreira”.