O ex-presidente Luiz Inácio Lula das Silva (PT) participou do primeiro debate presidencial realizado por um pool de empresas de jornalismo, onde foi questionado, entre outras coisas, pelo seu adversário Jair Messias Bolsonaro, sobre o tipo de relação que possui com o ditador da Nicarágua Daniel Ortega.
Ao responder o questionamento, Lula disse sentir “muito orgulho” de ter estado com Ortega durante a comemoração dos 30 anos da Revolução Sandinista, afirmando que “se” o ditador atualmente comete erros, ele deverá ser julgado pelo próprio povo.
A fala do petista chamou atenção, uma vez que em um regime ditatorial os críticos do sistema não possuem a devida liberdade para se posicionar, nem mesmo na hora da votação. Em contato com a revista Crusoé, um padre da Nicarágua confirmou essa realidade ao comentar a declaração de Lula.
“Não temos como punir Daniel Ortega com o voto. As eleições estão totalmente controladas. Tudo foi alterado para que ele ganhe sempre. Não acho que o povo poderá tirá-lo do poder”, disse o líder religioso que não teve o nome revelado por razões de segurança
Conforme o GospelMais vem noticiando, o regime de Ortega já determinou o fechamento de algumas igrejas e a prisão de vários padres no país, justamente por serem considerados uma “ameaça” ao regime ditatorial.
Foi, aliás, sobre estes abusos que o presidente Jair Bolsonaro questionou Lula durante o debate. Mas, o petista, em vez de condená-los abertamente, buscou atribuir ao povo da Nicarágua a responsabilidade pela punição de Ortega, como se isso fosse possível em plena ditadura.
“Se o Daniel Ortega está errando, o povo da Nicarágua que puna o Daniel Ortega”, disse o petista O padre contatado pela Crusoé, aliás, lembrou ainda que “em 2018, o povo nicaraguense fez o que lhe cabia, ao realizar protestos massivos. Mas a ditadura reprimiu as manifestações com violência, com tiros, com mortes.”
“Por isso, precisamos da ajuda de outros países da América Latina, inclusive do Brasil. A democracia só vai voltar para a Nicarágua se a comunidade internacional assumir uma posição mais enérgica”, concluiu o religioso.
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