SÃO PAULO – Evangélico assíduo, que há dez anos freqüentava três vezes por semana o culto da Congregação Cristã do Brasil da Vila Suíça, Zona Leste. Era essa a rotina religiosa do pai de Eloá Cristina Pimentel da Silva, que é muito querido entre os fiéis.
Eles só não sabiam que o Aldo que conheciam é, na verdade, Everaldo Pereira dos Santos, foragido e acusado de pertencer a um grupo de extermínio em Alagoas.
Religiosa há 25 anos, uma freqüentadora da igreja, que não quis se identificar, diz conhecer a família de Everaldo há 15 anos.
– Todos ficamos chocados na igreja, mas ninguém tem nada o que falar deles. Ele é um pai amoroso e conselheiro com os filhos. Estamos muito tristes, todo mundo ama eles aqui – disse.
A mulher contou ainda que Eloá e os irmãos não eram batizados na igreja, ao contrário dos pais.
– Eles não quiseram, mas iam aos cultos. Foram criados aqui.
Segundo ela, Everaldo não faltava a nenhuma cerimônia e, quando precisava se ausentar, avisava com antecedência. Além disso, Everaldo se esforçava para pagar os estudos para a família. A mulher faz faculdade e Eloá freqüentava um curso de especialização.
– Tenho certeza que Deus converteu o coração dele e o perdoou, mas ele sempre cobra os nossos erros. Todos aqui só podemos falar bem dele. Ele sempre ensinou o caminho do bem para os filhos – afirmou.
Não era só na igreja que Everaldo era bem quisto. No prédio onde a família morava todos dizem que ele era tranqüilo.
– Nos dez anos que moro aqui, nunca tive nada contra eles. Pelo contrário, sempre foram muito simpáticos – diz Creuza de Fátima Raizza, de 44 anos.
Os vizinhos mais próximos do pai de Eloá Cristina Pimentel da Silva, Everaldo Pereira dos Santos, sabiam que ele tinha problemas com a Justiça de Alagoas. Segundo um vizinho, que não se identifica, o pai da garota chegou em 1994 em Santo André, com a mulher e os três filhos ainda pequenos.
A família morou na casa do irmão de Everaldo no Jardim Santo André e depois em um barraco na rua Dominicanos, onde foi o construído o conjunto do CDHU, para onde se mudou no ano 2000.
– Nós sabíamos que ele tinha um problema graúdo em Alagoas. Ele dizia que não poderia visitar a terra natal por nada nesse mundo – disse o vizinho.
Ele está com medo de Everaldo ser morto, caso seja preso.
– É muito perigoso, por isso acho melhor ele fugir. Ele dizia que trabalhou para homens do poder e tentaram incriminá-lo e depois matá-lo.
Nos 13 anos em que morou em Santo André, o pai de Eloá nunca arrumou qualquer tipo de confusão com vizinhos, segundo o amigo, que o descreve como tranqüilo.
– Ele dizia que tinha pavor a trabalhar com políticos. Alguns familiares dele foram ameaçados de morte em Alagoas e precisaram se mudar.
O amigo disse que não sabia da troca de nome de Everaldo e que este pensava que o crime já tinha prescrito, por causa do tempo.
Fonte: Globo Online