O discurso do papa Francisco contra a pobreza e os exageros do mundo capitalista despertaram em diversos de seus críticos dentro e fora do Vaticano a suspeita de que o líder da Igreja Católica fosse adepto do comunismo.
Numa entrevista concedida a um jornal italiano, Francisco fez um pronunciamento de forma direta a estes críticos, e negou ser adepto da linha de pensamento marxista – que deu origem ao comunismo – embora tenha reconhecido que há pessoas boas nesse movimento.
Entre os críticos do papa, os comentários mais agudos contra sua postura o tinham como um personagem “puramente político” que, teoricamente sem o direito de ir “além do catolicismo”, pregava o “marxismo puro”.
O pontífice católico respondeu as críticas dizendo que é normal que “um membro da ordem jesuíta seja associado a políticas sociais progressistas”, e afirmou: “A ideologia marxista está errada. Mas, na minha vida, tenho conhecido muitos marxistas que são boas pessoas, então eu não me sinto ofendido [com a associação]”.
Recentemente Francisco afirmou que o capitalismo se desenha atualmente como “uma nova tirania” pois cria cenários de uma “economia de exclusão e desigualdade”, que tem sido fatal contra muitas pessoas pobres ao redor do mundo, e ressaltou que seu discurso não era feito a partir da visão de um “técnico [em economia], mas seguia a doutrina social da Igreja Católica Romana, e isso não significa ser marxista”.
Na entrevista, Francisco falou ainda que pretende continuar a valorização da mulher dentro da estrutura da Igreja Católica, mas negou que fosse ordenar uma religiosa como cardeal, e indicou que serão necessários muitos esforços para continuar a reforma no Vaticano e na Igreja Católica como um todo: “Será um trabalho de muito fôlego”, disse.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+