Considerado “mito” por muitos e sem dúvida um fenômeno nas eleições presidenciais no Brasil em 2018, o agora Presidente da República Jair Messias Bolsonaro precisa lidar com um dos maiores desafios para qualquer ser humano, que é saber manter a humildade e não se deixar corromper diante do poder que lhe é dado por ocupar o cargo mais poderoso do país.
Pensando nisso e ciente de que a população evangélica foi a principal responsável por não apenas alavancar a sua candidatura, como, lado aos católicos, lhe eleger, o pastor presbiteriano Mauro Meister, membro do Conselho fundador do Coalizão pelo Evangelho no Brasil, publicou uma “Carta ao Presidente”.
“O senhor foi eleito e, acredito, a mão de Deus o levou até onde estará a partir de 1º de janeiro de 2019”, inicia a carta. Meister, considerado um dos grandes nomes da teologia reformada brasileira, lembra que Bolsonaro deve honrar seu slogan de campanha, “Deus acima de todos”, e não se deixar levar pela soberba devido ao grande apoio popular.
“O que vimos foi algo inédito, foi um movimento popular que o apoiou de forma tão espontânea e tão crescente. Foi impressionante ver tudo isto”, escreve Meister, ressaltando que um dos seus temores é que Bolsonaro “se esqueça que foi a mão de Deus que o levou até onde está”.
“Não é incomum que aqueles que chegam ao poder se esqueçam disso, principalmente influenciados por aqueles que estão à sua volta, lhe dando conselhos. Que o slogan da sua campanha seja verdade no seu mandato: Deus acima de todos, inclusive do Presidente da República. Que Ele infunda temor no seu coração, para que não cresça a soberba”, acrescenta.
“Não seja um mito”
Apesar de Bolsonaro não endossar muito o apelido de “mito” dado pelos eleitores, o pastor Meister sabe que esse tipo de tratamento abre margem para o engrandecimento do ego e consequente queda humana diante do próprio orgulho. Com base nisso, provavelmente, o líder reformado também pediu que o Presidente seja apenas um homem.
“Não seja um mito. Seja um homem que teme não outros homens, mas ao soberano do universo”, escreveu o pastor, que por fim adverte contra o uso indevido do bordão “bandido bom é bandido morto”, em nome de Bolsonaro, para a promoção da violência. Meister recomenda cautela.
“Corremos o sério risco de usarem seu nome e ideias para o estabelecimento de violência e uso da própria maldade e crueldade. É sua responsabilidade estabelecer o tom do discurso e mostrar aos seus liderados o curso de ação legal, até mudando as leis necessárias, mas sem trazer convulsão social e violência gratuita ao meio de um povo já sofrido”, acrescenta o pastor.