A morte do pastor Anderson do Carmo, prestes a completar dois meses, continua sendo investigada. A Polícia Civil, no entanto, já descobriu que o marido de Flordelis (PSD-RJ) sabia que existia um plano para matá-lo.
O Mistério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) produziu um relatório sobre o caso a partir do inquérito inicial feito pelo Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) e confirmou que o pastor Anderson do Carmo descobriu que estava sendo alvo de uma trama para ser assassinado.
Segundo informações do jornal O Dia, o pastor confrontou os familiares, incluindo os filhos adotivos, e ameaçou grampear celulares da família para chegar ao mentor do plano. No entanto, ele foi morto antes de descobrir quem planejava tirar sua vida, no dia 16 de junho.
O documento do MP aponta que o marido de Flordelis sabia que, Marzy Teixeira da Silva, uma das filhas afetivas do casal que nunca foi adotada formalmente, teria oferecido R$ 10 mil para Lucas Cézar dos Santos, filho adotivo, para que o matasse. Lucas já possuía histórico de envolvimento com a criminalidade, e era procurado por tráfico de drogas.
Os promotores indicam que o valor para pagar o crime seria furtado da mochila usada pelo próprio Anderson do Carmo, que tinha por hábito guardar dinheiro em espécie. “Declarou ainda que Flordelis teve o conhecimento da proposta feita a Lucas. Informou ainda que Anderson, ao saber de sua conversa com Lucas, disse que ‘grampearia’ todos os telefones da casa”, revela o relatório, referindo-se a Marzy.
Contradição?
O depoimento prestado por uma das médicas plantonistas que atendeu o pastor Anderson no Hospital Niterói D’Or, no dia do assassinato, pode indicar uma contradição de Flordelis. Segundo ela, a viúva disse que um carro, de cor prata, estava parado na porta da sua casa.
A informação não bate com as imagens de câmeras de segurança da rua, onde não há algum veículo com essas características, conforme o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) constatou após periciar as evidências.
Ainda segundo o depoimento da médica na delegacia, naquele dia, Flordelis chegou à unidade de saúde, após o Anderson já ter dado entrada na emergência. Passando mal, a parlamentar teria feito questão de contar que passou o dia em casa com o marido e os filhos, fez almoço e só saiu da residência à noite, por insistência do pastor, para comemorar o Dia dos Namorados. Entretanto, o depoimento prestado à Polícia é diferente.
Envenenamento
Os investigadores estão colhendo depoimentos de médicos e enfermeiros de um hospital particular que atenderam o pastor Anderson do Carmo no ano passado, quando ele foi internado. A Polícia investiga se ele estava sendo envenenado por familiares, já que em depoimentos, os filhos do casal contaram que remédios vinham sendo colocados em sua comida a mando de Flordelis.
A DHNSG requisitou ao hospital todos “os dados qualificativos e os contatos dos médicos e enfermeiros que tenham assistido direta ou indiretamente” o pastor Anderson, que costumava buscar atendimento na unidade de saúde quando se sentia mal.
Em outubro de 2018, Anderson ficou internado cinco dias pois se queixava de vômitos, diarreia, febre e dores abdominais. Também apresentava arritmia cardíaca causada por ansiedade, segundo informações do jornal O Globo.