O pastor Otoni de Paula, vereador no Rio de Janeiro pelo PSC, envolveu-se numa discussão desnecessária com a cantora Anitta, chamando-a de “vagabunda de quinta”, e se viu obrigado a pedir desculpas pelo termo usado.
Otoni é uma figura da Assembleia de Deus que vem chamando atenção no cenário evangélico nacional por ter sido o primeiro líder evangélico a barrar a cantora Perlla em apresentações em igrejas, depois de uma participação da artista em um programa de roda de samba em uma emissora de rádio carioca.
No Facebook, Otoni publicou em sua página um texto em que questionava se Anitta era “cantora ou garota de programa”, e no texto, dizia que a artista abusava da sensualidade em seus clipes e shows, que arrastam multidões de crianças e adolescentes. “Não estou falando de moral, mas de responsabilidade com a imagem”, dizia o texto.
“É lamentável ver uma cantora talentosa como a Anitta se prestar a isso”, acrescentou o pastor. O texto, ao final, se referia à cantora como “vagabunda de quinta”, o que rendeu enorme repercussão nas redes sociais e chegou à cantora, que não se fingiu de desentendida e respondeu a agressão diretamente no post de Otoni.
“Se o senhor me contratou para um programa e tomou um bolo ou encontrou algum anúncio de programa meu em algum lugar e não conseguiu me contratar, sinto em informar que a culpa não foi minha. É porque realmente não trabalho nesta função. Sou cantora, empresária, compositora, coreógrafa e outros negócios (que não são da indústria pornográfica) mas que são tantos que teria que ficar algumas horas aqui escrevendo. Dou emprego pra aproximadamente 50 famílias diretamente”, respondeu a cantora, rebatendo a sugestão do pastor de que ela seria “garota de programa”.
Em outro trecho da resposta, Anitta sugeriu ainda que a publicação do pastor seria, na verdade, uma estratégia para se promover: “Sei como é importante e estratégico usar um nome de notoriedade na mídia para ganhar e espaço e assim começar a divulgar seu trabalho próximo ao ano eleitoral”, afirmou a cantora.
Antes de fazer críticas à classe política, a cantora também afirmou que não processaria o pastor: “Não seria burra de processar por calúnia um vereador. Qualquer ser humano que entenda de justiça brasileira sabe que eu não sairia vitoriosa desta questão nem com macumba (aproveitando o trocadilho, já que o senhor é evangélico)”, ironizou.
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Anitta também disse que a preocupação de Otoni de Paula com as crianças deveria começar diretamente nas áreas que estão ligadas ao mandato que ele exerce, como cobrar do Poder Executivo melhores investimentos e maior fiscalização na área da educação.
“Aproveito a notoriedade que seu post tomou pra responder sua pergunta. ‘A que nossas crianças estão sendo submetidas?’ A uma triste falta de oportunidade e educação pra quem não tem dinheiro. Uma aprovação automática que desestimula professores a formarem pessoas educadas neste país. Nossas crianças estão submetidas a terem que ralar e se esforçar 24h por dia pra tentar ter algum tipo de instrução e oportunidade na vida que não seja o crime ou trabalhos informais como a prostituição, por exemplo”, disparou Anitta.
As críticas a Otoni de Paula se estenderam de tal forma que o pastor vereador se viu obrigado a publicar uma retratação, atribuindo à sua assessoria o uso do termo “vagabunda de quinta”, e pedindo desculpas à cantora: “Antes de mais nada, gostaria de me desculpar com o termo ‘vagabunda de quinta’, que minha equipe acrescentou ao texto. Nem você ou qualquer mulher do mundo merece receber esse adjetivo pejorativo”.