Um pastor de uma grande congregação da Igreja Metodista Unida (UMC) afirmou que é possível ser cristão e apoiar a união de pessoas do mesmo sexo sem cometer uma heresia.
Adam Hamilton, que lidera uma megaigreja em Dallas, Texas (EUA), afirmou que os cristãos podem apoiar o casamento gay e não estar em conflito com a ortodoxia. Nos últimos anos, a UMC teve um intenso debate sobre a posição oficial da denominação em relação à homossexualidade e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Durante uma conferência organizada pelo grupo Uniting Methodists, realizada na semana passada na Lovers Lane United Methodist Church em Dallas, Hamilton falou sobre a autoridade das Escrituras em relação ao debate do corpo da igreja sobre questões LGBT.
Ele argumentou que os dois lados do debate dentro da UMC tinham altas opiniões sobre as Escrituras e que as diferenças eram sobre a interpretação, e discordou da ideia de que os cristãos que aceitam o casamento entre pessoas do mesmo sexo tenham rejeitado “os fundamentos históricos da fé cristã”.
“Assim, a ortodoxia agora significa que tenho uma visão particular do casamento entre pessoas do mesmo sexo e/ou uma visão particular das Escrituras que me leva a uma visão particular do casamento entre pessoas do mesmo sexo”, comentou Hamilton, de acordo com informações do portal The Christian Post.
A relativização proposta pelo pastor foi além: “Eu acho que é uma leitura trágica. É interessante que não apareça em nenhum dos credos, nada sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou até mesmo uma doutrina específica sobre as Escrituras não aparece em nenhum dos credos, mas isso agora se tornou como alguns têm olhado para a ortodoxia”, acrescentou.
O pastor ainda criticou o fato de que tanto conservadores quanto progressistas afirmarem estarem certos sobre o assunto: “Sentimos que não podemos estar perto de pessoas assim que acreditam nessas coisas que são diferentes do que eu acredito ou pratico algo diferente ou interpretam as Escrituras de maneira diferente”.
“Então começamos a chamá-los de nomes. Nós escolhemos os bons nomes para nós e escolhemos os nomes ruins para eles. Nós somos os ortodoxos, isso deve significar que vocês são hereges”, exemplificou.
Com uma postura “isenta”, Hamilton contou que ao longo dos anos 1990 se identificava como um “tradicionalista”, mas que com o passar do tempo, começou a se afastar dessa interpretação. No entanto, ele disse que “a Igreja precisa ter respeito pelas pessoas que são tradicionalistas”.
Lançado em setembro de 2017, com Hamilton como apoiador, Uniting Methodists é um grupo de membros da Igreja Metodista Unida que quer convencer os órgãos da igreja local a determinarem sua própria posição sobre questões LGBT. “Pedimos mudanças disciplinares para que o clero não seja obrigado a oficiar em casamentos de mesmo sexo, nem proibido de fazê-lo”, afirmou o grupo no ano passado.
“Pedimos mudanças disciplinares para que as conferências anuais não sejam compelidas a ordenar pessoas LGBTQ, nem proibidas de fazê-lo”, acrescentaram os integrantes do grupo.