A popularização de um modelo neopentecostal de ministérios de louvor, seguindo a linha de apresentações de equipes como o Diante do Trono, vem mudando a forma como as igrejas conduzem essa parte do culto. E um pastor, incomodado, resolveu chamar atenção para isso de forma inusitada.
As origens do cristianismo protestante definiram como tradição litúrgica que o culto tenha um momento de louvor, ofertório e, por fim, um sermão. Ao longo dos séculos, hinos considerados clássicos formaram o repertório contido na Harpa Cristã, para os pentecostais, e o Cantor Cristão, para as denominações tradicionais.
No entanto, com a “onda gospel” que surgiu em meados dos anos 1990, o formato adotado por megaigrejas norte-americanas se popularizou no Brasil, através de grupos de louvor como Renascer Praise e Diante do Trono, e posteriormente, já no século atual, Toque no Altar, Fernandinho, Nívea Soares, David Quinlan, entre muitos outros.
O modelo, rapidamente copiado, passou a ser visto como exagerado por muitos líderes evangélicos. A necessidade mercadológica de lançar, ano a ano, “novidades”, também impulsionou letras pouco inspiradas, repetitivas e, do ponto de vista teológico, questionáveis.
Nesse cenário, o pastor Renato Vargens, líder da Igreja Cristã da Aliança, usou seu blog para ensinar o que não fazer nos momentos de louvor. “Claro que não quero ensinar ninguém a ter um momento de louvor com música atrapalhado, mesmo porque, isso seria um disparate, não é verdade? Portanto, ao ler este texto o aconselho a fazer em ‘ironia mode on'”, advertiu.
Vargens, que também é escritor e palestrante, elencou suas observações em sete tópicos, onde o leitor “encontrará setes dicas para ter um louvor confuso e que não glorifique a Deus em sua igreja”.
“O dirigente precisa ser espalhafatoso procurando em todo tempo chamar a atenção para si”, sugeriu. “Escolha músicas antropocêntricas cujo o foco seja a satisfação do homem e não a glória de Deus”, acrescentou.
O terceiro item é facilmente encontrado entre os líderes de louvor das igrejas evangélicas de um modo geral: “Fale o tempo todo e tente ser um tipo de animador de auditório”, disse o pastor. “Não se preocupe com o conteúdo das letras, antes pelo contrário, cante qualquer coisa”, destacou.
Os três últimos itens “sugeridos” de forma irônica por Vargens fecham a lista mantendo o mesmo nível de crítica: “Entre uma música e outra use os famosos chavões, o povo ama esse tipo de performance; Entre uma música e outra profetize vitória, bênçãos e prosperidade; Faça do momento de louvor com música um grande show”, concluiu.
“Seguindo à risca essas orientações, com certeza você terá um louvor atrapalhado”, afirmou, sugerindo aos seus leitores que refletissem sobre o assunto.