Um pastor no sudoeste do México foi baleado e morto durante um culto na igreja no último domingo, 18 de agosto, em meio a uma série de ataques a líderes religiosos feitos por gangues criminosas.
De acordo com a entidade internacional Christian Solidarity Worldwide (CSW), o pastor Alfrery Líctor Cruz Canseco estava pregando no púlpito da igreja Fraternidad Cristiana na cidade de Tlalixtac de Cabrera, no estado de Oaxaca, quando foi baleado à queima-roupa.
Canseco morreu enquanto estava sendo socorrido a um hospital local. Seu assassino foi preso depois que os fiéis impediram sua fuga. “Estendemos nossas mais profundas condolências à família e à congregação do pastor Cruz Canseco”, disse o presidente-executivo da CSW, Merwyn Thomas, em um comunicado. “O fato de ele ter sido alvo no púlpito é particularmente chocante”, acrescentou.
Uma declaração publicada na página da igreja Fraternidad Cristiana diz: “Lamentamos a partida de Alfrery Lictor Cruz Canseco, amigo e irmão em Cristo, muito amado por nossa congregação”.
De acordo com informações do portal The Christian Post, o motivo do assassinato do pastor mexicano continua obscuro. A CSW, que defende os cristãos em mais de 20 países do mundo, observa que o crime ocorreu logo após uma série de ataques que atingiram líderes religiosos na região, evidenciando um clima de perseguição religiosa.
Entre os recentes ataques contra líderes religiosos está o sequestro do pastor Aarón Méndez Ruiz, que dirigia um abrigo para imigrantes cubanos em Nuevo Laredo e foi sequestrado em 3 de agosto. “Também continuamos preocupados com o bem-estar do pastor Méndez Ruiz e pedimos ao governo mexicano que não poupe esforços para garantir seu retorno seguro, investigando todos esses crimes e processando os responsáveis”, afirmou Thomas ao comentar a morte de Canseco.
A CSW adverte que a expansão de grupos criminosos no México, bem como um “clima de impunidade” quando se trata de crimes que eles cometem, levou a um aumento da violência contra líderes protestantes e católicos porque eles são vistos como uma ameaça aos marginais.
Segundo a CSW, 10 líderes religiosos foram mortos no México em 2018. Em um contexto de amplo questionamento sobre as recorrentes execuções de sacerdotes, o jornal USA Today informou em abril deste ano que pelo menos 23 líderes religiosos foram mortos em território mexicano desde 2012. Em 2018, um governo alinhado à ideologia de esquerda foi eleito no país, levando Andrés Manuel López Obrador à presidência.
“Instamos a comunidade internacional a se envolver com o governo mexicano nesses assuntos e a reconhecer o papel que muitos líderes religiosos desempenham, não apenas como líderes de suas igrejas, mas também como vozes pela paz, justiça e integridade e como defensores dos direitos humanos”, Thomas concluiu em sua declaração.
O México é o 39º pior país do mundo no que diz respeito à perseguição cristã, já que o crime organizado no país continua a não ser enfrentado, de acordo com a lista de monitoramento elaborada pela Missão Portas Abertas.
Segundo a entidade, os cristãos, seus líderes e igrejas no México estão se tornando cada vez mais alvo de ataques, ameaças, extorsão e outras formas de coerção em todo o país. “Devido à incapacidade do governo para enfrentar a violência, alguns cristãos se sentem forçados a implementar as suas próprias estratégias de segurança contra atos de perseguição aos cristãos, inclusive envolvendo lideranças de grupos criminosos próprios”, diz a filial da Portas Abertas nos EUA.
“O crime organizado atinge principalmente padres e pastores, enquanto os detentores do poder indígena pressionam os cristãos através de multas, negando o serviço comunitário básico e [impondo] prisão. O procurador geral do estado em Guerrero implicou falsamente que os padres estavam envolvidos em atividades criminosas, inflamando ainda mais as tensões religiosas”, acrescenta o comunicado da entidade.
Em seu relatório anual de 2017, a Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos manifestou preocupação com a segmentação de padres católicos e outros líderes religiosos por cartéis como Los Zetas e Cavaleiros Templários. O relatório observou que, ao longo de uma semana em setembro de 2016, três padres foram encontrados mortos. “Os líderes religiosos são alvos porque falam contra as gangues e /ou porque se recusam a incluir a mitologia espiritual das gangues em seus sermões”, diz o relatório do órgão.