O combate à intolerância religiosa na Baixada Fluminense proporcionou uma reunião entre o babalaô Ivanir dos Santos e um grupo de pastores evangélicos das igrejas batistas, luteranas e anglicanas, além de representantes de igrejas pentecostais.
O Ministério Público Federal (MPF) foi o anfitrião do encontro entre os pastores e o presidente da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), babalaô Ivair dos Santos. A reunião foi realizada na sede do órgão, no centro do Rio de Janeiro (RJ).
De acordo com informações do jornal O Globo, o procurador Julio José Araújo Jr. mediou o diálogo entre os líderes religiosos. O centro da reunião foi a preocupação com casos de violência envolvendo traficantes da Baixada Fluminense, que tem destruído terreiros na região em nome de sua crença. Eles se identificam como evangélicos.
Ao todo, a CCIR já contabilizou 20 denúncias em São Gonçalo desde o início do ano. Em Duque de Caxias, foram 15 templos fechados à força. Em São João de Meriti e Belford Roxo, foram dez em cada.
Para Ivanir dos Santos, os casos podem ser ainda mais numerosos, já que muitos adeptos das religiões afro-brasileiras temem fazer queixas e terminarem sofrendo retaliações dos criminosos.
“Uma parcela está nessa conversa desde 2008, quando fizemos a primeira caminhada contra a intolerância religiosa. A novidade é chamarmos para discutir uma estratégia de combate à intolerância a partir da perspectiva deles. Fico muito feliz que aceitaram”, declarou o babalaô. “A gravidade dos ataques que estão acontecendo macula a imagem dos evangélicos. A grande maioria não é assim, essa reunião quer mostrar isso”, acrescentou.
No dia 14 de julho, domingo próximo, a CCIR organizará a primeira caminhada contra a intolerância na Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu. “É importante que ocorra na Baixada. Queremos apenas respeito e chamar as pessoas que querem dialogar. Isso é fundamental para a sociedade brasileira em um momento que há muito ódio”.
O procurador Araújo Jr apoia a iniciativa: “A intenção é abrir as portas da instituição para garantir que esse diálogo inter-religioso contribua para esse combate à intolerância religiosa. Da mesma forma que há papel importante das instituições em combater práticas ilícitas e cobrar políticas públicas, é importante interagir com os diversos segmentos da sociedade para que eles se manifestem e se unam e se articulam em torno de um pacto contra a intolerância religiosa”.