Os casos de suicídio entre pastores evangélicos foi um dos temas tratados pela Ordem dos Pastores Batistas do Brasil (OPBB-SP) em um simpósio realizado na última segunda-feira, 26 de novembro.
O foco do evento era alertar aos ministros sobre a necessidade de ações preventivas para que um diagnóstico evite desfechos trágicos.
No Brasil e no mundo uma sequência de casos de suicídios de pastores, das mais diversas correntes teológicas, tem assombrado fiéis e lideranças cristãs.
Ao longo de 2018 alguns casos foram registrados, sendo que o mais recente envolveu a morte de um jovem pastor ligado à Assembleia de Deus Catedral do Avivamento, liderada pelo pastor Marco Feliciano (PODE-SP).
O evento realizado no templo da Igreja Batista Boas Novas, na Vila Zelina, zona leste de São Paulo (SP), abordou problemas de saúde que comumente acometem pessoas que terminam por praticar o suicídio, como transtornos emocionais, depressão, síndrome de burnout, obesidade, sedentarismo e outros.
As medidas preventivas, segundo matéria publicada pela Convenção Batista do Estado de São Paulo (CBESP) envolvem maior “proximidade entre pastores, práticas de atividades esportivas e até recusar excesso de compromissos estiveram nas sugestões para proteção da saúde mental”.
Dentre os palestrantes do simpósio – que teve transmissão simultânea na página da entidade no Facebook – estavam o pastor Abner Morillas, psicólogo, professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo e coordenador do Programa de Mentoria do Projeto Josué, do psiquiatra Ismael Sobrinho, e do pastor Roberto Silvado, presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB).
Morillas destacou a necessidade de combater elementos estranhos ao ministério pastoral, como a preocupação exagerada com “boa performance” do pastorado, e ressaltou que ambientes como o proporcionado pelo Projeto Josué são importantes por dar liberdade para abrir questões pessoais. “É onde eu posso falar sem medo de repressão”, afirmou.
O psiquiatra Ismael Sobrinho argumentou que pessoas deprimidas manifestam tendência ao pessimismo: “O deprimido perde as coisas mais difíceis. Depois, vai perdendo as que dão prazer a ele”, explicou, apontando um dos primeiros sintomas evidenciados pelos pacientes, que passam a abrir mão de fazer tarefas mais trabalhosas.
O pastor Silvado pontuou que os pastores precisam estabelecer corretamente as prioridades em suas rotinas, resgatando a teoria dos círculos concêntricos, de Ernest Mosley, para destacar a necessidade de os ministros priorizarem seu relacionamento cristão e pessoal indo, então, em direção à comunidade.
Além disso, o líder da CBB propôs um momento de interação entre os pastores para enfatizar o valor da criação de “ambientes de relacionamentos significativos”.
Por fim, o pastor dirigente da Igreja Batista Boas Novas, Vagner Vaellati, comentou que eventos com essa missão “muda a vida dos pastores” por mostrar que é possível prevenir casos de suicídio e superar os desafios: “Os pastores precisam de salvamento. Temos que salvar os que estão sofrendo”.