O registro de um Boletim de Ocorrência (B.O.) pela jornalista Patrícia Lélis na tarde da última sexta-feira, 05 de agosto, desencadeou uma série de fatos e o surgimento de diversas versões sobre o caso. O chefe de gabinete do pastor Marco Feliciano (PSC-SP), Talma Bauer, que havia sido detido foi solto pela Polícia, e agora, a suposta vítima de estupro disse que foi ameaçada de morte pela cúpula do PSC.
O delegado que fez as oitivas com Patrícia e Bauer, doutor Luiz Roberto Hellmeister, afirmou que pedirá a prisão preventiva do chefe de gabinete de Feliciano porque a jornalista alega que Bauer a ameaçou de morte.
Em uma entrevista concedida no 3º Distrito Policial, Hellmeister afirma que embora veja “estranheza” no “lapso temporal” entre o suposto estupro e a denúncia, não pode correr riscos e pedirá a prisão temporária de Bauer para salvaguardar a segurança da jornalista, mesmo com as negativas do chefe de gabinete sobre as acusações feitas contra ele.
Assista:
Lado B
O jornalista Leandro Mazzini publicou em sua coluna Esplanada, no portal Uol, que “Talma Bauer se diz inocente e que vai entregar evidências de provas à Polícia na segunda-feira”.
De acordo com a nota de Mazzini, Bauer “voltou a defender o parlamentar, mas não está mais reticente quanto ao áudio gravado pela mulher e revelado”.
A viagem
A jornalista afirmou ao delegado que veio a São Paulo à procura de emprego, mas um colega dela, o também jornalista Emerson Biazon, afirmou também em oitiva na delegacia que Patrícia havia aceitado viajar à capital paulista em troca de dinheiro, que seria entregue por Bauer para que ela continuasse desmentindo a história do estupro.
No entanto, Patrícia desmente a versão de Biazon, e Bauer também nega que tenha oferecido dinheiro à jornalista, de acordo com o delegado.
“Outro personagem que entrou ontem à noite na polêmica é Emerson Biazon, jornalista paulista. Ele e Patrícia trocam mútuas acusações. Ontem ele foi convocado à delegacia para se explicar – por que levou a jovem para SP e a orientou a não fazer B.O. em Brasília. Emerson estava acompanhando Patrícia no encontro com este repórter e o advogado da Coluna na semana passada – e depois misteriosamente apareceu num dos vídeos da jovem, no banco de trás do carro de Bauer – que dirigia”, publicou Leandro Mazzini. “Já Emerson, também por mensagem à Coluna, avisa que Patrícia teria topado receber dinheiro para viajar ao encontro de Bauer – o que ela desmente no boletim”, acrescentou.
Mais acusações
Em seu depoimento por ocasião do registro de Boletim de Ocorrência, Patrícia afirmou que as lideranças nacionais do PSC, como o deputado federal Gilberto Nascimento (SP) e o pastor Everaldo Pereira (ES) – ex-candidato à presidência da República – a teriam ameaçado de morte, além de supostamente prometerem perseguir sua família.
“Eu consegui ter essa reunião dentro do PSC, quando cheguei o pastor Everaldo já estava lá, tava o Gilberto Nascimento também, que é do partido… E quando eu cheguei com o assunto, eles já estavam sabendo do que se tratava. E nisso, o próprio pastor Everaldo me ofereceu dinheiro […] E nisso, o pastor Everaldo… quando ele me entregou o dinheiro, ele disse ‘olha, tá aqui o dinheiro, vou te entregar pra você calar, etc’, eu falei que não queria. Foi quando ele fez a primeira ameaça. Falou ‘olha, se você levar essa história para frente, a gente vai te matar, a gente conhece sua família, sabe onde você mora’, o que é uma verdade”, disse Patrícia.
Assista:
O Estupro
Neste sábado, Patrícia afirmou a Mazzini, por telefone, que estava de volta a Brasília (DF) ao lado de sua mãe, Maria Aparecida de Souza.
Na conversa, ela afirma ter praticado sexo não-consensual com o pastor Marco Feliciano, sob ameaça: “Após agredi-la com um soco na boca e um chute numa das pernas – ela ainda tem a mancha e fez ontem exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal de SP – Feliciano se apossou de uma faca, segundo a mulher, e a levou à força para sua suíte. Teria a força a se despir, enquanto a beijava”, disse Mazzini. “Ela pulou da cama após descuido dele e começou a bater na porta e gritar. Foi neste momento que uma mulher tocou a campainha do apartamento e Feliciano a liberou”, acrescentou.