A longa novela em torno da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) parece caminhar para um final em que o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) será mantido no cargo de presidente.
Após reunião com a liderança de seu partido, Feliciano concedeu entrevista à imprensa com sorriso no rosto (foto), e voltou a reafirmar que não renunciará ao cargo e que tomará “cautelas” para a próxima reunião da CDHM, que acontece hoje, 27 de março.
“Amanhã [quarta, 27] vai ser uma agenda normal. Vamos tomar cautelas que da última vez não tivemos. Teve todo um ‘sabotamento’. Tem um aparelhamento”, afirmou o pastor, em entrevista coletiva.
O deputado federal André Moura (SE), líder da bancada do PSC na Câmara dos Deputados, afirmou que nada convenceu o pastor Marco Feliciano a sair do cargo: “Ele se manteve, apesar de todos os nossos apelos, o tempo todo na posição de não renunciar. Não cabe mais a mim, como líder, nem à bancada nem ao presidente da Câmara destituí-lo. E nós não conseguimos em nenhum momento demovê-lo da convicção de não renunciar”, revelou.
Com a divulgação da decisão do PSC, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) afirmou que era necessário aceitar a escolha do partido: “Não era esta a indicação da semana passada. Era a de buscar uma posição que harmonizasse a Casa e a sua Comissão de Direitos Humanos. Mas, como presidente, tenho que respeitar e acatar a decisão do partido […]Não posso [destituí-lo]. O regimento não permite”, afirmou, segundo o G1.
Preocupado com as pressões políticas e ameaças de tumulto por parte de manifestantes, Alves prometeu uma reunião com as lideranças dos partidos para que os trabalhos da CDHM possam ir em frente: “Vamos reunir os líderes para fazer funcionar a comissão”, definiu.
Esse acordo com os partidos pode ser essencial para que os trabalhos da CDHM possam ser realizados. Ontem, após o anúncio de que Feliciano permaneceria no cargo de presidente da comissão, um manifestante subiu em uma mesa de uma das salas do Congresso e gritou palavras de ordem pedindo a saída do pastor do cargo: “Fora Feliciano, nós não vamos desistir enquanto não sair”. O ativista foi vaiado pelos demais espectadores que estavam no recinto.
Marco Feliciano anunciou que irá dar andamento a questões que precisam de seu envolvimento, como a situação de brasileiros presos no exterior, por exemplo.
“Amanhã [quarta] tenho reunião com o embaixador da Indonésia sobre dois brasileiros presos e condenados lá e quero saber se eles estão na lista que a BBC divulgou de nove pessoas que vão ser executadas até 2014. Estando na lista, estou levando uma carta pedindo clemência para que tenham prisão flexibilizada, prisão perpétua, menos a pena de morte”, afirmou, completando ainda que pretende dar atenção ao caso dos torcedores corintianos presos na Bolívia pela morte do torcedor boliviano Kevin Spada: “Tive reunião com embaixador da Bolívia. Ele foi muito querido, abriu as portas e disse que, através do caminho diplomático, é possível fazer alguma coisa. Me convidou para ir até lá. Vou tentar conversar com a família para ver o que é possível fazer para tentar tirar aqueles 12 corintianos”, disse.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) voltou a fazer declarações contra Marco Feliciano, classificando-o como “machista, homofóbico e racista”, e afirmando que não aceitava o pedido de desculpas feito pelo pastor, pois não era sincero: “Ele acredita naquilo”, afirmou, referindo-se às frases consideradas homofóbicas e racistas.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+