A situação dos cristãos que vivem em Mianmar está tomando contornos desesperadores. Após o golpe militar ocorrido no país há um ano, o conflito com grupos armados étnicos tem gerado uma onda de perseguição contra qualquer pessoa considerada uma ameaça ao regime.
Neste sentido, os cristãos são alvos mais vulneráveis em um país onde a maioria absoluta é composta por budistas, muitos dos quais radicais. Não por acaso, o país ocupa atualmente a 12ª posição no ranking das 50 nações onde a perseguição religiosa é mais acirrada, segundo a organização Portas Abertas.
“A situação é horrível e a vida está ficando cada vez mais sombria para as pessoas em Mianmar. Os cristãos, na verdade todos os civis, em Mianmar, estão vivendo com medo. As pessoas estão traumatizadas com o que vem acontecendo. Elas estão lutando pela sobrevivência. Os cristãos são alvo em todo o país”, revelou um parceiro local da Portas Abertas.
Como se não bastasse o radicalismo religioso local, o conflito armado criou uma atmosfera de maior rivalidade entre pessoas que defendem posições diferentes em relação ao governo. Com isso, o nacionalistas que pregam o “purismo” étnico do país se voltam contra os cristãos.
“Os cristãos que abandonam a fé dos antepassados para seguir a Jesus são perseguidos tanto pela família como por comunidades budistas, muçulmanas ou tribais”, diz a Portas Abertas. “Os povoados que desejam permanecer 100% budistas não permitem que os cristãos usem os recursos hídricos da vizinhança.”
Em dezembro passado, 35 pessoas foram queimadas vivas um pouco antes do Natal, sendo esse episódio mais uma demonstração de barbárie impetrada pelos militares que tomaram o poder no país, conforme notícia do GospelMais.
Um pastor local que não quis se identificar por motivos de segurança, compartilhou o seu testemunho na época em que houve o golpe de Estado. “Quando me lembro da junta militar anterior, fico tão chateado que não posso controlar minhas lágrimas”, declarou.
“Quando eu ainda era estudante, lembro-me deles checando as carteiras de identidade minhas e dos meus amigos e nos fazendo ficar sob a chuva. Eles também confiscaram nossos livros. Uma vez, carregamos nosso próprio arroz para cozinhar em nosso albergue, e os soldados nos acusaram de fornecer arroz aos grupos insurgentes e nos detiveram”, concluiu.