A Reforma Protestante completa 500 anos em 2017 e a percepção dos bilhões de cristãos católicos e protestante agora enxergam que a distância entre as duas tradições está menor do ponto de vista teológico.
Uma pesquisa sobre o tema foi realizada pelo instituto Pew Research Center – especializado em estudos sobre religião – e seu relatório apontou que a maioria dos cristãos hoje enxergam mais semelhanças do que diferenças entre as duas principais tradições religiosas oriundas do ministério de Jesus;
“As diferenças teológicas que dividiram o cristianismo no ano 1500 diminuíram tanto que poderiam chocar cristãos dos séculos passados”, resumiu o relatório da pesquisa, que analisou a percepção dos fiéis na Europa Ocidental.
A Reforma Protestante foi um movimento iniciado no século XVI pelo então padre Martinho Lutero. O ponto sem volta foi a divulgação de suas 95 teses na porta da Igreja de Wittengerg, em 31 de outubro de 1517, data em que se considera o início oficial da ruptura com a Igreja Católica da época.
A proposta de reforma feita por Lutero ao catolicismo não foi bem recebida pelo clero e isso gerou a maior cisão do cristianismo até hoje. Porém, ao longo de cinco séculos, dizem os pesquisadores, grande parte das feridas entre as duas tradições está cicatrizada, com o pontificado de Francisco sendo, até agora, o auge dessa reaproximação.
De acordo com informações do jornal britânico The Guardian, os protestantes são maioria em cinco países da Europa Ocidental e os católicos são o maior grupo na região sul do continente. A Alemanha, país natal de Lutero, ainda é predominantemente católica (48%), contra 28% de protestantes.
Já no Reino Unido, onde há grande influência da Igreja Anglicana (por lá tratada como Igreja da Inglaterra), tem uma população de predominância protestante, com 54% da população seguindo a tradição reformada, contra 17% de católicos.
Na Irlanda, país palco de muitos conflitos religiosos entre católicos e protestantes, 75% seguem a Igreja de Roma e apenas 5% são protestantes. A Finlândia é o país mais protestante (73%), com menos de 1% de católicos. Em contraponto, a Itália é o país mais católico da Europa, com 78% da população seguindo essa tradição, contra 1% de protestantes.
No levantamento, os pesquisadores descobriram que 58% dos protestantes e 50% dos católicos na Europa Ocidental dizem que as duas religiões apresentam mais semelhanças do que diferenças, e em oposição a esse pensamento, apenas 26% e 34%, respectivamente, acreditam que as diferenças superam os pontos de convergência.
A pesquisa mostrou ainda que aproximadamente 90% dos fiéis de ambas as tradições estão dispostos a aceitar seguidores da outra linha de pensamento como parceiros e irmãos de fé. O país onde essa postura foi mais comum é a Alemanha, onde 98% dos protestantes e 97% dos católicos concordaram em aceitar fiéis à outra linha em suas famílias.
Grande parte dessa reaproximação se deve à mudança, lenta e gradual, que a Igreja Católica vem realizando em suas doutrinas dogmáticas. Os pesquisadores apontaram que um fator considerado essencial na convergência atual é que uma questão teológica considerada chave na Reforma Protestante – a salvação pela fé – passou a ser vista de maneira mais clara pelos católicos, com os protestantes compreendendo que é necessário testificar essa fé através de boas obras.