Não temos como saber todos os planos de Deus, nem como Ele decide revelar a sua grandeza e soberania para nós, especialmente quando tal revelação surge através de coisas simples ou que para muitos parecem contraditórias. Esse é o caso de Corey Latta, um teólogo norte-americano que se viu desafiado à enxergar a imagem de Deus em seu filho, Augustus, com Síndrome de Down.
A dificuldade de Corey foi associar a imagem de Deus apenas ao nosso ideal sobre “perfeição” e “beleza”. Ele não havia tido a oportunidade de refletir o suficiente para entender que a noção de perfeição do Senhor vai muito além da nossa, em todos os aspectos:
“Até então, a meu ver, a inteligência, a racionalidade e a linguagem eram um padrão de competência. Aqueles que eram mais capazes de demonstrar essas características, melhor refletiam a imagem de Deus. Mas Gus, com sua língua saliente, postura desajeitada e tentativas inarticuladas de falar, me trouxe novas perguntas”, disse ele ao portal Christianity Today.
“A vida me ofereceu o corretivo da experiência”, disse ele ao questionar como seria possível uma pessoa nascida com uma “imperfeição” genética possuir a plena imagem de Deus. “O que vi analisando minha experiência com Gus foi algo que nunca vi olhando para ele. Seu atraso no desenvolvimento cognitivo e seu atraso na compreensão expressiva perturbaram minha avaliação de como deveria ser a imagem divina. Mas ao longo da minha experiência com Gus, eu vi mais. Eu vi inocência”.
Corey diz que apesar da inocência das pessoas com Síndrome de Down, a “condição genética não nega um estado espiritual. Mas o pecado se manifesta de maneira diferente nas vidas daqueles com Trissomia 21”, explica. “As pessoas com síndrome de Down não entendem e nem praticam a malícia, a ganância, o ciúme ou o engano como os outros fazem”, ressalta.
O teólogo que possui Mestrado em Teologia do Novo Testamento, avalia que não é natural uma pessoa com Down se inclinar para o mal. Corey passou a entender que a imagem de Deus através da vida humana diz respeito, principalmente, aos aspectos morais, sendo a inocência e a benevolência características dela.
“Pessoas com síndrome de Down carregam a imagem de Deus em corações sem culpa. Não é de sua natureza seguir o conselho dos ímpios, imitar a conduta dos pecadores ou se assentar na roda dos escarnecedores”, explica ele. “Olhando a necessidade especial do meu filho, a imagem de Deus preenche meu campo de visão”.