O ministério missionário Portas Abertas iniciou a divulgação da campanha Domingo da Igreja Perseguida (DIP) 2019 e um dos testemunhos sobre a perseguição religiosa narra a saga vivida por Hea Woo, cristã norte-coreana que vivenciou traumas terríveis nos anos em que viveu em seu país natal, incluindo a perda do marido, que foi preso e torturado por amor a Cristo.
“Os norte coreanos diziam ‘os cristãos são as piores criaturas’. Proferir a palavra ‘Jesus’ era uma sentença de morte”, introduz Hea Woo, que atualmente vive fora do país comunista e também viaja pelo mundo testemunhando sua fé em Cristo.
O relato de Hea Woo remonta à sua infância, quando sua mãe orava em segredo e, mesmo sendo serva de Deus, não podia evangelizar os próprios filhos por conta da perseguição incutida desde cedo nas crianças:
“Quando criança, algo que você houve com frequência é: ‘a Coreia do Norte é o país mais feliz para se viver’. Como eles não estão expostos à mídia internacional, eles acham que o que ouvem é verdade. Me lembro da minha mãe, preparando o café da manhã enquanto orava, na cozinha. Naquela época, eu não conseguia entender o que ela estava sussurrando. Hoje, entendo que minha mãe tinha medo de nos contar sobre Jesus Cristo porque colocaria todo mundo em risco, então ela faleceu sem ter a chance de nos contar sobre ele”, relembra.
“Na Coreia do Norte todo mundo é submetido a uma lavagem cerebral para ser vigilante um do outro, até mesmo do cônjuge ou dos próprios filhos. Os norte-coreanos são aconselhados a denunciar qualquer um que fale sobre coisas que não são ensinadas pelo governo”, diz, explicando o comportamento de sua mãe.
Perseguição, tortura e missão
Hea Woo foi casada com um homem que fugiu da Coreia do Norte e entregou sua vida a Jesus na China, onde ouviu a mensagem do Evangelho. Quando foi capturado, montou uma igreja secreta e pregou aos companheiros de prisão e até à sua própria família.
“Quando meu marido escapou da Coreia do Norte em 1996, ele foi para a China. Lá ele se tornou parte de uma igreja coreana na China. No entanto, um dos diáconos da mesma igreja o delatou a um oficial de segurança pública e ele foi levado de volta à força para a Coreia do Norte, onde foi preso em um campo de trabalho forçado”, revela a cristã norte-coreana.
“A tortura que ele enfrentou foi realmente inimaginável, mas mesmo em condições precárias, sua única preocupação era com aqueles que não conheciam Jesus Cristo. Enquanto ele estava lá, Deus o ajudou a construir uma igreja clandestina na prisão. Quando eu e meus filhos visitamos meu marido na prisão, ele nos disse palavras que nos levaram a entregar nossas vidas a Cristo, e desde então passamos a orar sinceramente”, afirma Hea Woo no vídeo da Missão Portas Abertas.
Salvação
O esforço físico implacável consumiu a saúde de seu marido, que terminou falecendo: “Depois que ele morreu, fugi da Coreia do Norte e encontrei uma igreja na China. Um dia, lendo a oração do Pai Nosso, eu realmente percebi que Jesus me salvou de todos os pecados. A primeira frase dessa oração é ‘pai nosso que estás nos céus’. Eu fiquei surpresa, porque ela soava familiar para mim. Minha mãe costumava sussurrá-la. Minha mãe era cristã! Eu percebi naquele momento”.
Posteriormente, quando foi presa e enviada de volta à Coreia do Norte, Hea Woo vivenciou uma experiência que renovou sua fé: “Quando fui para a prisão, vi logo de início que há uma cerca bem alta para que ninguém possa escapar. Desacreditada, eu entrei em lágrimas, mas o Senhor me disse: ‘Não se preocupe, Eu vou te ajudar’. Então eu pedi uma zona segura e Deus preparou um lugar para mim e me tirou da prisão”, relembra.
“Quando vou ao exterior para dar testemunhos e encontro irmãos que passaram anos orando pelo nosso país, fico muito grata e sinto que Deus ama verdadeiramente a Coreia do Norte”, conclui a cristã perseguida.
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