Em mais uma ação da Polícia Federal que deixou o Planalto em clima tenso, a chamada operação “Cui Bono“, expressão que significa “a quem interessa?”, os investigadores divulgaram informações envolvendo o Pastor Everaldo, ex-candidato a Presidência em 2014, que teria pedido dinheiro ilícito a Eduardo Cunha em 2012.
A operação “Cui Bono” deflagrada na última sexta feira é um desdobramento da Operação Catilinárias, ocorrida em dezembro de 2015. No relatório divulgado pela Polícia Federal, consta a informação sobre trocas de mensagens entre Cunha (PMDB-RJ) e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), discutindo “repasses” ilícitos ao Partido Social Cristão (PSC), supostamente, a pedido do Presidente nacional da legenda, o Pastor Everaldo.
O principal alvo da operação é Geddel Vieira Lima, que na época foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da CAIXA. A suspeita é de que Geddel, Eduardo Cunha, o doleiro Lúcio Funaro e também o ex-vice-presidente da CAIXA, Fabio Ferreira Cleto, formaram um esquema de fraudes na liberação de créditos junto à Caixa Econômica Federal.
O Pastor Everaldo entra no cenário das investigações por meio das mensagens trocadas entre Cunha e Geddel. Segundo publicação no G1, em uma delas enviada em 17 de agosto de 2012, Geddel teria dito a Cunha: “Caso da Dinâmica de Everaldo resolvido”. No relatório da PF, os investigadores comentam:
“…ao que tudo indica, essa empresa seria a Dinâmica Segurança Patrimonial, cujo sócio-administrador é Edson da Silva Torre que, conforme mensagens de Eduardo Cunha, é um sócio do Pastor Everaldo”
Apesar de a mensagem não ser suficiente para constatar a relação criminosa da empresa com o esquema de fraudes, chamou atenção dos investigadores outras mensagens em que Cunha questiona Geddel; ‘algo p psc?’, afirmando que estava sendo perturbado, algo também confirmado por Geddel.
As informações publicadas no G1, no UOL notícias e em outras mídias que replicaram a matéria, fizeram uma correlação de informações baseadas em trechos de mensagens divulgadas no relatório da Polícia Federal, que apontam o Pastor Everaldo como suspeito de pedir dinheiro para o PSC.
Segundo assessoria do Pastor Everaldo em publicação no UOL, no entanto, a justificativa do pedido seria a coligação do PSC e PMDB em Salvador e São Paulo, durante as eleições municipais de 2012. A assessoria alega que o então Deputado Eduardo Cunha era um dos responsáveis pela captação de recursos e repasses ao PSC para a campanha. “O repasse foi usado para cobrir custos dos candidatos a vereador do PSC, que faziam parte da coligação, nas duas cidades”, diz um trecho da nota.
Ainda segundo a nota, “…todas as doações feitas ao PSC obedecem à legislação eleitoral vigente e são devidamente informadas à Justiça Eleitoral por meio das prestações de contas.”