A família de um pastor encontrado morto a tiros disse que os investigadores e o médico-legista entenderam errado a cena do crime ao definir a causa da morte como suicídio. Eles acreditam que Dale Cross foi assassinado em uma rua próxima à sua casa.
Diante da reclamação da família, os detetives do condado de Kent, no estado de Michigan, reiteraram sua convicção de que o pastor de 66 anos encenou seu suicídio no dia 06 de agosto do ano passado para fazer parecer um homicídio, e agora caminham para fechar a investigação.
“Eles disseram que isso foi suicídio”, disse a filha de Cross, Tammy Blood. “Ele montou para parecer um assassinato, então meu pai encenou seu próprio suicídio para parecer um assassinato, é o que eles disseram”, resumiu, indignada.
Tammy disse que seu pai, um pastor aposentado da Abundant Life Church, no estado de Wyoming, tinha muitas razões para viver, e nesse contexto, acusou os investigadores do condado de fazerem uma investigação de má qualidade.
“Estou estupefata. Quero dizer, um homem feliz, um homem que só se importava com os outros, um homem que pregava a Palavra e pregava contra o suicídio”, comentou a filha.
O tenente Ron Gates, detetive que atuou na investigação, disse que se sente mal pela família, mas defendeu seu departamento, que, segundo ele, designou um detetive em tempo integral para o caso, e se comprometeu a reabrir o caso se surgissem novas informações.
“Nenhuma das evidências aponta para um jogo sujo. Tudo indica que foi autoinfligido”, comentou Gates, explicando que a equipe de investigadores acreditam que Cross queria que sua morte parecesse um assassinato para salvar sua família da vergonha. “Nós sentimos que por causa de todas as percepções negativas de alguém que comete suicídio, que ele não queria que o público ou a família ou quem quer que fosse soubesse que foi um suicídio. Então, nós sentimos que ele fez isso para parecer um homicídio”, explicou Gates.
Gates destacou que os detetives não encontraram sinais óbvios da motivação do pastor para tirar a própria vida, apesar de seus registros médicos indicarem a possibilidade de depressão. Da mesma forma, a investigação não encontrou nenhuma razão para ele ter sido assassinado. “Nenhum motivo, nada roubado, nenhum sinal de luta”, disse o tenente.
No dia de sua morte, o pastor estava dirigindo para casa por volta das cinco da tarde, depois de parar em um posto de gasolina para pegar gelo para sua esposa, e depois de passar em uma loja de materiais de construção. “Ele estava apenas fazendo tarefas”, disse sua filha.
Os detetives disseram acreditar que a viagem de rotina fazia parte de seu plano. Ele foi encontrado por pessoas que passavam, perto de sua caminhonete, que estava estacionada em uma rua, a cerca de um quilômetro da sua casa. No começo, acreditava-se que ele havia parado para consertar um pneu furado, o que os detetives disseram que também fazia parte do plano. A investigação descobriu que o pneu não estava com defeito, revelou o tenente.
Outra parte do suposto plano para fazer parecer um assassinato, segundo a investigação, foi atirar do lado esquerdo da cabeça, já que ele era destro. Um morador próximo relatou ter ouvido dois tiros, mas Gates disse que não é incomum disparar um teste para se certificar de que a arma funciona.
Os detetives encontraram o revólver usado na morte debaixo do corpo do pastor. “Se a teoria era de que alguém saísse da floresta ou parasse para matá-lo, por que colocariam a arma sob seu corpo?”, questionou o tenente.
Um amigo da família, usando um detector de metais, encontrou uma bala por perto do local onde o pastor foi achado morto. Essa descoberta aconteceu dias depois, quando a perícia já havia sido feita. Detetives disseram que o técnico da cena do crime errou na busca inicial, e acrescentaram que o projétil era o mesmo tipo de munição disparada pela arma de Cross, mas estava muito desgastada para determinar se foi a bala que o matou.
Gates disse que os transeuntes encontraram seu corpo um minuto após os disparos terem sido ouvidos, e não relataram ter visto ninguém fugir da cena.
Em meio a tudo isso, a filha do pastor disse que a família está pensando em contratar um detetive particular: “Se ele cometeu suicídio e encenou isso como um assassinato e todas essas coisas, nós teríamos encontrado um seguro de vida porque ele teria se assegurado de que minha mãe estava preparada”, disse Tammy, acrescentando que estava viajando para ficar com sua mãe, já que na próxima sexta ela e seu pai comemorariam 44 anos de casados.
“Queremos que seu nome seja esclarecido, porque este não é meu pai e queremos que quem fez isso tenha justiça”, finalizou a filha, de acordo com informações da emissora Wood TV.