Os pais do adolescente Michael Brown, morto em agosto, afirmaram que consideram inacreditável que o policial que efetuou os disparos que tiraram a vida de seu filho ainda o tenha insultado. Numa entrevista, o oficial disse que o rapaz parecia um “demônio”.
A afirmação do policial Darren Wilson foi feita durante uma entrevista a um programa de TV, e teve grande repercussão negativa.
Diversos protestos contra o policial – que é branco – foram registrados em várias cidades dos Estados Unidos depois que a Justiça decidiu não levar adiante o processo por homicídio.
Wilson disse que temeu por sua vida quando viu o adolescente com a expressão transtornada partindo pra cima dele. O policial disse que Michael Brown havia pego uma arma.
A mãe de Michael Brown, Lesley McSpadden, afirmou em entrevista ao programa Today, da NBC, que as declarações do oficial eram desrespeitosas.
“Eu não acredito em nada disso. Eu sei que o meu filho era muito bom para [fazer uma coisa dessas]… Ele nunca faria algo assim. Ele nunca iria provocar ninguém a fazer qualquer coisa contra ele e ele não faria nada para ninguém. Eu não acredito em nada disso”, disse ela em outra entrevista, para a CBS.
Testemunhas disseram que ouviram Michael falar de Jesus enquanto conversava com um colega em um condomínio residencial próximo ao local onde ele foi morto, minutos antes do incidente.
“Nosso filho não tem um histórico de violência”, disse Lesley. O pai do adolescente, Michael Brown Sênior, disse que ficou com a impressão de que a versão oficial do caso era “insana”: “Por um lado, meu filho respeitava a aplicação da lei”, disse o pai. “Por outro, no seu perfeito juízo, porque ele iria apressar ou desafiar um policial que tem sua arma na mão? Parece loucura”.
O advogado dos pais do adolescente também rejeitou a descrição feita pelo policial Wilson sobre Brown. “Quando você tem pessoas de cor que foram mortas, tentam demonizar e jogar sobre os estereótipos. Aí, tentam colocar o policial que matou os nossos filhos em um pedestal”, criticou Benjamin Crump. “Isso não está certo, e temos que consertar este sistema”, concluiu.