O grupo de humor Porta dos Fundos vai dividir seu polêmico “Especial de Natal” em quatro episódios em seu canal no YouTube. Os títulos dos episódios já foi divulgado e confirmaram que, novamente, as piadas – nem sempre engraçadas – novamente envolverão Jesus Cristo.
A jornalista Lígia Mesquita, da coluna Outro Canal, no jornal Folha de S. Paulo, informou que os episódios irão ao ar a partir dessa segunda-feira, 19 de dezembro. “O Porta dos Fundos resolveu dividir seu especial de Natal em quatro esquetes: ‘Reis Magia’, ‘De Onde Vêm Os Bebês?’, ‘O Aniversário de Jesus’ e ‘Disse Jesus’”.
Polêmicos, os especiais de natal do Porta dos Fundos em anos anteriores renderam debates e troca de farpas entre os humoristas e lideranças cristãs. Em 2013, por exemplo, o esquete fazia piada com o nascimento de Jesus e insinuava que Deus teria descido do céu para engravidar Maria e trazido consigo o arcanjo Gabriel, para convencer José a colaborar com o plano.
Em um trecho do esquete, Maria conta a José que está grávida e o filho não é dele. Revoltado, o carpinteiro diz que quando a história se espalhar, vai ser chamado de corno. O arcanjo interfere e diz que José precisa compreender o propósito e que a ideia é que todos saibam que o Filho de Deus nasceu de uma mulher virgem, e enfatiza que “está uma dificuldade achar mulher virgem”.
Nesse momento do diálogo, José interrompe e diz “mas Maria não é mais virgem”, quando a própria Maria repreende o noivo: “Gabriel está falando, olha a falta de educação”. Queixando-se de que “ninguém acreditará” que sua mulher engravidou virgem de um filho de Deus, José é tranquilizado: “Querido, isso aí, relaxa. O pessoal acredita em qualquer coisa”.
As piadas em tom de zombaria se estendem ao longo da narrativa sobre a vida de Jesus, e os humoristas sugerem que o Filho de Deus e Maria Madalena tiveram um romance, além de piadas sobre a última ceia e a crucificação no Gólgota.
Processo
O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) denunciou os humoristas ao Ministério Público, afirmando que o “Especial de Natal” constituía discurso de ódio contra a população cristã “ao tratar de forma jocosa os dogmas e objetos da religião, causando dano moral coletivo à comunidade cristã”.
Entretanto, o Porta dos Fundos argumentou que o vídeo “é uma paródia de passagens bíblicas, sem qualquer ofensa à liberdade religiosa nem intenção de humilhar os fiéis cristãos”, e buscou abrigo no princípio de liberdade de expressão. Os processos terminaram arquivados.