O PT continua tentando estabelecer meios de se aproximar dos evangélicos, e fará campanhas nas redes sociais para vender a imagem de que é uma legenda política alinhada com princípios e valores cristãos.
Para que a iniciativa tenha receptividade entre os fiéis, o partido coletou depoimentos de pastores que são filiados ou apoiadores da ideologia de esquerda. Uma parte da estratégia é tentar fazer com que o comunismo deixe de ser percebido no meio cristão como algo íntimo de seus valores.
O que Lula e cia não anteviram em sua estratégia de propaganda em defesa do comunismo é que a perseguição religiosa vivida por cristãos em países comunistas, como China e Coreia do Norte, é de amplo conhecimento dos fiéis brasileiros.
De acordo com informações do jornal Valor Econômico, o PT quer que esse público veja a legenda como uma aliada, associando o conceito de caridade – muito presente no meio evangélico como uma missão – à proposta de “justiça social” que o partido alega defender, apesar de ter protagonizado o governo mais corrupto da história da república brasileira.
A iniciativa, ordenada por Lula, enfrenta dificuldades em certas regiões do país, enquanto que em outras, há avanços. No Piauí, por exemplo, onde o PT comanda o governo do estado através de Wellington Dias, os “núcleos evangélicos” do partido estão em pleno funcionamento, muito por conta da atuação da primeira-dama, Rejane Dias, que atua junto às congregações e seus projetos sociais.
Em nota divulgada na semana passada, o “Núcleo Nacional de Evangélicos do PT” reconhece que “o fenômeno evangélico na atualidade encontra-se no epicentro da questão política” e diz que o partido traçou estratégias “para contemplar parte dos grandes desafios apontados sobre a realidade” e para “fortalecer espaços de atuação e formação de evangélicas e evangélicos, filiadas, filiados e simpatizantes ao PT”.
Uma das petistas mais conhecidas no meio evangélico é a deputada federal Benedita da Silva, que criticou o alarde feito pelos colegas de partido sobre a aproximação com lideranças e fiéis do segmento.
“Acho estranha essa badalação porque o PT sempre teve núcleos. Nós, os petistas evangélicos, nos reunimos desde 1982, quando criamos o Movimento de Evangélicos Progressistas, a maioria do PT e do PDT. Lula não está pedindo para criar coisa nenhuma, ele está é dialogando”, criticou a parlamentar carioca.
“Não entendi esse negócio de agora todo mundo achando que o PT está afastado dos evangélicos. O [Fernando] Haddad teve 14 milhões de votos de evangélicos. Pelo amor de Deus!”, alegou. “Queremos fazer uma discussão com os evangélicos, independentemente de quem votaram e em quem continuarão votando. O que queremos é discutir são as fake news contra o partido. Não fizeram lá o batizado do Bolsonaro lá no Rio Jordão? Nós não estamos nem aí. Só não queremos que falem um monte de mentira sobre o PT e a gente fique calado”, acrescentou, sem apontar quais seriam as mentiras noticiadas sobre a legenda.
Por fim, um integrante do partido admitiu que a ideia é tumultuar: “Precisamos, ao menos, criar alguma confusão, mostrar que há pastores e líderes evangélicos petistas ou simpáticos ao PT”.