Os processos abertos em Angola para averiguar acusações contra a Igreja Universal do Reino de Deus encontram-se na fase de instrução preparatória na Procuradoria-Geral da República (PGR).
O anúncio foi feito pelo ministro angolano da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, após uma reunião entre o governo e os deputados que apuram as acusações feitas por 300 pastores angolanos que acusam os bispos brasileiros de praticarem crimes de evasão fiscal, racismo e outros, como supostamente obrigar pastores a fazerem vasectomia.
A agência alemã Deutsche Welle (DW) informou que as autoridades de Angola não querem que o conflito se transforme em fato político. Os ânimos se acirraram em junho, quando a ala rebelde tomou templos da Igreja Universal de maneira violenta.
De outro lado, bispos e pastores brasileiros da instituição da acusam os rebeldes de mobilizarem ex-pastores, alegando discordância com os brasileiros e “outras infâmias que servem de argumentos para sustentar a sua tese de rebelião e justificativa para cometimento de atos criminosos como: invasão, furto, agressão, calúnia, entre outros”, segundo uma carta aberta divulgada na última semana.
Após o presidente Jair Bolsonaro enviar carta ao presidente angolano, João Lourenço, pedindo que as autoridades locais atuassem para garantir a integridade física dos religiosos brasileiros, o embaixador brasileiro no país comentou a situação pontuando que o imbróglio não deve estrapolar o âmbito local, embora seja impossível impedir a repercussão política: “Não cabe ao Estado tomar partido em uma disputa que é privada, cabe sim defender o interesse dos seus cidadãos desde que respeitem as leis locais”, disse Paulino de Franco Carvalho, reiterando que o “pano de fundo das relações bilaterais” entre Brasil e Angola não é afetado pela disputa na Universal.
O principal diplomata de Angola, Téte António, seguiu a mesma linha do colega brasileiro, dizendo que a Justiça está “a tratar esta questão”.
Enquanto isso, a ministra de Estado angolana, Carolina Cerqueira, comentou que “há indícios de alguns crimes” que serão apontados em um relatório a ser divulgado ao final das apurações.
O pastor angolano Alberto Segunda, um dos dirigentes da Igreja Universal no país, afirmou que uma delegação brasileira chegará para ajudar na disputa com o grupo de dissidentes da organização.
Alberto Segunda acrescentou que a igreja em Angola tem recebido o apoio do líder brasileiro Edir Macedo, que todas as quintas-feiras realiza reuniões pastorais, havendo uma “relação boa, tranquila”, considerando que persiste “uma narrativa mentirosa para distorcer a ideia da opinião pública”, que quer colocar a cúpula contra os fiéis.
Dados atualizados indicam que a Universal conta com 500 mil fiéis em Angola um total de 307 templos em todo o país, dos quais 90 estão em posse dos rebeldes. A instituição está presente em diversas cidades angolanas e tem registro legal desde 1992.