A autorização do PSOL à candidatura do pastor Jefferson Barros à Câmara dos Deputados nas próximas eleições motivou o ativista gay e deputado federal Jean Wyllys a publicar uma carta-aberta à direção nacional do partido, criticando o espaço dado ao líder evangélico.
Na carta, Wyllys diz que “causa espanto e indignação” a decisão da Convenção Nacional do PSOL de conceder ao pastor o direito de disputar a eleição ao parlamento. “Soa como ofensa à democracia interna e desconsideração às instâncias decisórias de base”, escreveu o ex-BBB na carta co-assinada pelos deputados Chico Alencar (federal) e Marcelo Freixo (estadual), vereadores Eliomar Coelho, Paulo Pinheiro, Renato Cinco (Rio), Paulo Eduardo Gomes, Renatinho, Henrique Vieira (Niterói) e Fernando Arcênio (Itaocara), prefeito Gelsimar Gonzaga (Itaocara) e os membros da Executiva Estadual do Rio de Janeiro Rogério Alimandro (presidente), Honório Oliveira, Renato Jefferson, Rosi Messias e Bruno Bimbi.
Segundo Jean Wyllys, “a candidatura de Jeferson Barros, está no contexto de um fenômeno mais geral: a inserção na política institucional pelo viés individual, particularista e carreirista, quando não de interesses escusos, sem a dimensão do público e sem o lastro de um histórico comprometido com a transformação social, com os princípios da organização popular consciente e da laicidade do Estado”.
A carta-aberta de Wyllys e seus companheiros de PSOL ignora que o trabalho pastoral mantém ligação estreita com a transformação social através da mensagem do Evangelho, que propõe uma mudança de caráter no indivíduo que ouve seus princípios e os adota.
O texto dos opositores ao pastor Jefferson Barros diz ainda que as candidaturas que o PSOL lança devem depender da “adesão sincera e integral aos Direitos Humanos, como o da diversidade de gênero e orientação afetiva e sexual”, demonstrando que o partido está compromissado com a implantação de políticas educacionais que erradiquem os conceitos base da família tradicional.
A carta-aberta diz ainda que a oposição à candidatura de Barros não é motivada por preconceito religioso: “Isso nada tem a ver com desconsideração e muito menos preconceito face ao fenômeno religioso popular, que devemos sim procurar entender e, do ponto de vista político da multidão de fiéis, disputar, na perspectiva não da ‘Teologia da Prosperidade’, eivada de êmulos do sistema capitalista, mas da ‘Libertação’, ecumênica, de respeito absoluto ao direito de crença e de não crença”, argumenta.
Todo o impasse em torno das pretensões de Jefferson Barros de chegar à Câmara dos Deputados se deve ao fato de que Jean Wyllys acredita que o pastor seja um “infiltrado” de Silas Malafaia no PSOL para tentar tirá-lo da Câmara dos Deputados, uma vez que o ex-BBB só foi eleito em 2010 graças à expressiva votação de Chico Alencar, que o rebocou ao mandato através do coeficiente eleitoral.
No texto, Wyllys dispara críticas a essa possibilidade dizendo que a candidatura de Barros faz parte de uma “obsessão” e que o PSOL só deveria aceitar quem rejeita o “fundamentalismo sectário e a ‘amizade’ acrítica com homofóbicos endinheirados”, fazendo alusão ao pastor Silas Malafaia.