Nessa terça feira (11), um grupo de parlamentares, seguindo uma iniciativa do PSOL, entrou com uma representação contra a jornalista evangélica Rachel Sheherazade, acusando-a de apologia ao crime devido a comentários sobre os “justiceiros” que prenderam um suposto assaltante nu a um poste na zona sul do Rio de Janeiro.
O documento foi assinado pelo líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), pelo deputado Chico Alencar (PSOL/RJ), pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP), pela deputada Érika Kokay (PT/DF), pelo deputado Renato Simões (PT/SP) e pelo deputado e ativista gay Jean Wyllys (PSOL/RJ), conhecido por constantes embates ideológicos com líderes cristãos.
Os responsáveis pela ação afirmam que a jornalista se pronunciou “desprezando e debochando do papel das polícias, do Ministério Público, do Poder Judiciário e dos defensores dos Direitos Humanos na mediação dos conflitos em sociedade”.
– As atitudes da jornalista incitam e exaltam a vingança privada, cujas práticas fogem ao controle estatal e costumam se manifestar de forma truculenta e desproporcional – afirma o texto da representação, segundo o site do deputado Jean Wyllys.
O SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), canal no qual foi transmitida a polêmica fala de Sheherazade, também é alvo da representação encabeçada pelo PSOL, que a acusa por “violação de normas constitucionais e infraconstitucionais que regulam o serviço público de radiodifusão”. Como punição os parlamentares querem que a emissora exiba durante cinco dias “programas de promoção dos direitos humanos, produzidos e/ou indicados pelas entidades da sociedade civil atuantes na área”.
Em um artigo publicado no site do jornal Folha de S.Paulo, Rachel Sheherazade comentou sobre as críticas e ataques que vêm recebendo desde que comentou o caso do assaltante que foi preso a um poste por populares afirmando que em seu espaço de opinião no jornal afirmou compreender, e não aceitar, a atitude dos chamados “justiceiros”.
– Embora não respalde a violência, a legislação brasileira autoriza qualquer cidadão a prender outro em flagrante delito. Trata-se do artigo 301 do Código de Processo Penal. Além disso, o Direito ratifica a legítima defesa no artigo 23 do Código Penal – ressaltou a jornalista.
Sheherazade criticou ainda a ineficiência dos políticos brasileiros no combate à criminalidade, afirmando que “não é de hoje que o cidadão se sente desassistido pelo Estado e vulnerável à ação de bandidos”.
– Há quem tente explicar a violência, a opção pela criminalidade, como consequência da pobreza, da falta de oportunidades: o homem fruto de seu meio. Sem poder fazer as próprias escolhas, destituído de livre-arbítrio, o indivíduo seria condenado por sua origem humilde à condição de bandido. Mas acaso a virtude é monopólio de ricos e remediados? Creio que não – afirmou a jornalista.
– Na propaganda institucional, a pobreza no Brasil diminuiu, o poder de compra está em alta, o desemprego praticamente desapareceu… Mas, se a violência tem relação direta com a pobreza, como explicar que a criminalidade tenha crescido em igual ou maior proporção que a renda do brasileiro? Criminalidade e pobreza não andam necessariamente de mãos dadas – completou.
A jornalista finalizou seu comentário sobre o caso afirmando que “Quando falta sensatez ao Estado é que ganham força outros paradoxos. Como jovens acuados pela violência que tomam para si o papel da polícia e o dever da Justiça”.
– Um péssimo sinal de descontrole social. É na ausência de ordem que a barbárie se torna lei – finalizou.
Por Dan Martins, para o Gospel+