A proximidade do Ramadã, o mês sagrado muçulmano, levou palestinos a intensificarem ameaças contra judeus que acessam o Monte do Templo, em Jerusalém, para fazerem suas orações.
Membros da Autoridade Palestina (AP) acusaram judeus de tentarem “invadir” o complexo da Mesquita de Aqsa durante feriados judaicos, e afirmaram que isso desencadearia uma “guerra religiosa”.
No mesmo contexto, a AP pediu aos cidadãos palestinos que se concentrem no local para ocupa-lo, e assim, impedir o acesso de judeus ao Monte do Templo. Os palestinos condenam regularmente as visitas de judeus ao complexo do Monte do Templo como “incursões”, embora os visitantes não entrem na mesquita em si.
Essa ameaça de guerra religiosa foi feita a menos de um mês do início do Ramadã, período que a Mesquita al-Aqsa e o Domo da Rocha recebem centenas de milhares de muçulmanos em peregrinação.
Conflitos à vista
De acordo com informações do portal Jerusalem Post, em 2021 ocorreram confrontos entre palestinos e a Polícia israelense durante o Ramadã, um período sagrado para os muçulmanos e marcado por intensificação de hostilidades por parte de extremistas.
Em 2017, por exemplo, durante o Ramadã, os extremistas do Estado Islâmico anunciaram uma “guerra total” contra cristãos ao redor do mundo, assim como judeus e ateus.
Agora, o principal juiz islâmico da AP afirmou que Israel está tentando travar uma guerra religiosa “que queimaria o mundo inteiro”.
“Gangues de colonos exploram feriados judaicos para invadir a abençoada mesquita de Aqsa para impor um fato consumado lá como parte dos esquemas de judaização visando Jerusalém e os locais sagrados islâmicos”, acusou Mahmoud al-Habbash.
Habbash convocou os palestinos “a intensificar sua presença lá nos próximos dias para frustrar os planos dos grupos terroristas de colonos e defender a mesquita”, acusando os judeus de terrorismo.
“A mesquita de Al-Aqsa pertence apenas aos muçulmanos. Os não-muçulmanos não têm direito a isso, conforme declarado no Alcorão e confirmado pelas leis internacionais e resoluções da UNESCO”, acrescentou.
Outra autoridade islâmica, o xeique Mohammed Hussein, apelou a órgãos e organizações regionais e internacionais “para intervir para impedir essas violações contra a mesquita” e também acusou Israel de “empurrar a região para uma guerra religiosa”.
O Ministro de Assuntos Religiosos da AP, Hatem al-Bakri, emitiu um aviso semelhante: “Os crescentes e perigosos planos israelenses contra Jerusalém, representados por tentativas contínuas de interferir nos assuntos do Haram al-Sharif [Nobre Santuário], escavações intensivas sob a mesquita de al-Aqsa, projetos de assentamento e incursões diárias, não são nada além de uma tentativa mudar o status quo”, reclamou.
“A continuação desses crimes e chamadas provocativas [de judeus para visitar o Monte do Templo] obriga o mundo a assumir suas responsabilidades e a intervir seriamente para acabar com essas violações”, disse Bakri, constrangendo organizações internacionais a intervirem contra Israel.