Hoje, dia 21 de janeiro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Diante disso, um dos maiores portais jornalísticos do Brasil deu destaque para a visão alguns líderes religiosos, entre eles um padre, mães de santo, médium, pastor e um rabino.
Um dos pontos comuns entre eles está a defesa do ecumenismo, uma visão teológica que prega a coexistência entre as diferentes religiões com ênfase, supostamente, apenas nos aspectos que concordam e não nas diferenças.
“Jesus deixou para nós os mandamentos, entre eles o mandamento do amor: ‘Amai-vos uns aos outros como eu vos amei’. Se eu percebo que o irmão é um semelhante, mesmo que não seja cristão, eu devo respeitá-lo como ser humano, como um dom de Deus”, disse o padre Renato Gentile, da Diocese de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda de São Paulo, explicou que as igrejas evangélicas em geral possuem suas doutrinas centradas na figura de Jesus Cristo e da Bíblia Sagrada como Palavra revelada por Deus, mas também defendeu a coexistência como um caminho necessário contra a intolerância religiosa.
“A coexistência é possível quando eu não vejo o outro como um inimigo a ser ganho. Eu vejo o outro com as suas peculiaridades, as suas diferenças. Ele é diferente de mim. Eu não preciso concordar com tudo dele. Mas eu respeito as opções, as escolhas que ele faz. Não só no campo da espiritualidade, mas no campo da convivência humana”, afirmou Gondin.
Pastor Ricardo Gondim admite que não acredita no poder de Deus: “Acredito nas iniciativas humanas”
Muito embora a Bíblia Sagrada não apresente margens para a crença, culto ou contato com diferentes entidades espirituais, salvo o Espírito Santo de Deus, que segundo o livro também é uma só pessoa com Jesus, para a ialorixá Dayse de Freitas a Umbanda também é uma religião cristã.
“Jesus Cristo, para nós, é Oxalá. Ele é considerado o primeiro e grande médium da Umbanda. Nós acreditamos muito na força de todos os orixás, que têm seus sincretismos com os santos católicos”, disse ela ao G1.
Por fim, o Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista (CIP), também apresentou a sua visão sobre o assunto, defendendo um ponto de vista mais universalista e abstrato no que se refere a Deus, uma perspectiva que parece contrariar o que ensina o próprio Antigo Testamento, visto que associa a figura do Senhor a uma “especulação”.
“O urgente no Judaísmo é a injustiça, o sofrimento, o sentido, a busca pela paz, a busca pela realização. O mendigo é urgente, é concreto, ele está lá, não é uma especulação. Deus, uma vida anterior e uma vida posterior são”, disse ele.
Por fim, para o rabino que já atuou junto a um grupo inter-religioso da Unesco que desenvolveu um documento chamado “Uma Ética Universal”, a figura de Deus seria, na verdade, uma espécie de sincretismo de várias visões diferentes, ou “ideais”.
“Deus é a soma dos ideais. É o modelo de imitação que desafia constantemente os valores, as aspirações e as ações de cada ser humano”, disse ele contra a intolerância.