2016 chega ao fim com inúmeras histórias envolvendo o meio evangélico nacional e internacional, no âmbito da sociedade, polícia, política e de missões. Os dez principais fatos que marcaram o ano estão listados abaixo, em uma retrospectiva do que de mais relevante aconteceu ao longo do ano. Confira:
O “estupro”
O ano foi atribulado para o pastor Marco Feliciano, deputado federal pelo PSC. Acusado de estupro pela estudante de jornalismo Patrícia Lélis, teve seu nome nas manchetes como nunca antes em sua carreira política.
O caso começou confuso, com um professor universitário de Brasília publicando em sua página no Facebook que teria tomado ciência de um caso de estupro. Logo após, um jornalista do portal Uol – Leandro Mazzini, responsável pelo blog Coluna Esplanada – revelou que Feliciano estava envolvido no suposto caso de estupro.
Quando a Polícia Civil de São Paulo entrou na investigação, descobriu-se que as alegações de Patrícia Lélis de que era mantida em cativeiro por Jairo Bauer, então assessor parlamentar de Feliciano, eram falsas.
Posteriormente, imagens das câmeras de segurança do Ministério do Trabalho mostraram que Feliciano estava em reunião com o ministro no dia e horário que Patrícia Lélis alegava ter sido estuprada pelo pastor.
Na conclusão das investigações, o delegado paulista afirmou que tinha tido acesso a um laudo feito pela Polícia Civil do Distrito Federal que classificava Lélis como uma mitomaníaca, alguém com um desvio que a obriga a mentir compulsivamente.
Pedofilia
A cantora e missionária Bianca Toledo chocou o meio evangélico brasileiro ao acusar o então marido, pastor Felipe Heiderich, de abusar sexualmente de seu filho, José Vittorio, de apenas cinco anos de idade.
Na acusação, feita em vídeo em sua página no Facebook, Bianca Toledo alegou que Heiderich havia confessado um quadro de “homossexualidade latente” durante o período em que ambos se relacionaram.
Após a Polícia entrar na questão, a Justiça decretou a prisão preventiva de Heiderich, mas ele conseguiu um habeas corpus para responder ao processo em liberdade. Logo que saiu, o pastor gravou um vídeo, emocionado, negando todas as acusações e garantindo querer saber porque a então esposa o estava acusando de um crime tão bárbaro.
Bianca Toledo, que havia prometido não tocar no assunto em suas redes sociais, passou a trocar farpas públicas com os internautas que viam incongruências em sua narrativa. Em certo momento, deixou de comparecer a uma audiência na Justiça porque estava viajando nos Estados Unidos.
Como o caso corre em segredo de Justiça, não se sabe maiores detalhes sobre o que a Polícia descobriu com os exames de corpo de delito e depoimentos colhidos.
Timóteo
O mês de dezembro parecia trazer o final do ano sem novos grandes escândalos no meio evangélico até que, no dia 16, a Polícia Federal deflagrou a Operação Timóteo, com ordem da Justiça para investigar um esquema de corrupção que desviava royalties da exploração de minério.
Mais um dia comum na rotina dos policiais, não fosse por um nome na lista dos que deveriam ser conduzidos coercitivamente a prestar depoimento: pastor Silas Malafaia. Assim que a notícia correu, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) propagou um áudio, via WhatsApp, negando estar envolvido em um esquema de corrupção e dizendo-se vítima.
Posteriormente, na tarde daquela sexta-feira, gravou um vídeo alegando que havia recebido uma oferta de R$ 100 mil de um advogado que trabalhava em um dos principais escritórios investigados na Operação Timóteo.
A oferta, em cheque, havia sido repassada em 2013, e Malafaia tinha declarado o valor em seu Imposto de Renda e passado os valores para a ADVEC e a Associação Vitória em Cristo, que mantém seu programa no ar pela Band e RedeTV!.
Em uma verdadeira maratona de entrevistas, Malafaia espalhou sua versão sobre os fatos, mas não escapou dos memes nas redes sociais e das montagens, críticas, à sua forma de se expressar sobre os assuntos que o incomodam. As investigações continuam, mas devido ao recesso do Poder Judiciário, tudo relacionado à Operação Timóteo está temporariamente suspenso.
Olimpo
A Cidade Maravilhosa, oficialmente Rio de Janeiro, recebeu os Jogos Olímpicos em que milhares de atletas competiram pela medalha de ouro. O Brasil registrou seu melhor desempenho na história dos jogos, com sete medalhas de ouro, seis de prata e seis de bronze, totalizando 19, incluindo a inédita conquista no futebol, em cima da Alemanha.
Muitos atletas cristãos vieram ao país para competir e expressaram sua fé ao mundo durante as competições e/ou comemorações.
Luto
O jovem Matheus Oliveira, filho da cantora Eyshila e do pastor Odilon Santos, faleceu após alguns dias internado para tratar de uma infecção causada por meningite viral. Ele se queixava de dores de cabeça e foi levado ao hospital pela mãe, para que exames fossem feitos.
Ao ser informada que a situação do filho era grave e necessitava de cirurgia, Eyshila mobilizou uma enorme corrente de oração em todo o Brasil. Durante a cirurgia os médicos se depararam com um quadro ainda pior e desenganaram Matheus.
Ainda assim, Eyshila demonstrou fé de que o cenário poderia ser revertido e de todas as regiões do país eram feitas manifestações de apoio e carinho à família. A espera pelo milagre chegou ao fim quando Matheus não resistiu, e ao invés de se recolher em seu abatimento, Eyshila foi à mídia dizer que embora não entendesse os desígnios divinos, não os questionava e continuava firme em sua fé em Deus.
O filho caçula de Eyshila e Odilon, Lucas, gravou uma música em homenagem ao irmão, e agora, toda a família se mudou para São Paulo, onde são responsáveis pela nova filial da ADVEC na capital paulista.
Fora, Dilma
O impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) começou ainda em 2015, quando o então deputado federal e presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), aceitou o pedido de deposição da mandatária – elaborado pelo trio de juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaína Paschoal – por crime de responsabilidade.
O Brasil inteiro acompanhou, pelas emissoras de televisão e rádio, além de portais de internet, a votação na Câmara, em pleno domingo, 17 de abril. Por 367 votos, o processo foi aceito e encaminhado ao Senado, que após realizar todos os trâmites necessários, com audiências de defesa e acusação, cassou o segundo mandato de Dilma Rousseff à frente da República Federativa do Brasil, no dia 31 de agosto, por 61 votos a favor e 20 contrários.
Michel Temer (PMDB), que havia assumido a presidência interinamente quando o processo foi aceito pelo Senado, se tornou o presidente oficialmente até 31 de dezembro de 2018. Seu mandato ainda corre risco de ser cassado devido a uma investigação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a suspeita de haver caixa dois, abastecido com dinheiro de corrupção, na campanha eleitoral de 2014.
Donald, o surpreendente
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, do Partido Republicano, chegou ao posto derrotando, um a um, os pré-candidatos de sua legenda e também a candidata Democrata, Hillary Clinton.
Conhecido por ser falastrão, Trump fez movimentos certeiros durante sua campanha, e foi conquistando a simpatia do eleitorado norte-americano de fora das grandes cidades, justamente os que mais sofreram com a crise econômica que se instalou no país antes de Barack Obama assumir, oito anos atrás.
Com a promessa de fazer o país “grande de novo”, Trump prometeu ser um defensor dos cristãos no mundo, endurecer os critérios para a entrada de refugiados muçulmanos no território norte-americano e reconhecer Jerusalém como capital unificada de Israel, um país que é parceiro dos Estados Unidos há décadas.
Esse discurso, recheado de outras questões semelhantes, o tornou alvo do ódio da imprensa norte-americana e brasileira, que cravavam sua derrota nas urnas, com até 7 pontos percentuais de desvantagem em relação à ex-primeira-dama. A surpresa foi que Trump conseguiu 279 delegados do Colégio Eleitoral, contra 218 de Hillary, que fez a campanha defendendo a ampliação do direito ao aborto, liberação de drogas e ampliação dos privilégios a minorias sexuais.
Em seu discurso de vitória, Trump adotou um tom conciliatório, dizendo que “é hora de os Estados Unidos curarem as feridas da divisão, promoverem a união”.
O último voo
O dia 29 de novembro de 2016 será sempre marcado pela maior tragédia do futebol brasileiro, quando o avião da Chapecoense, que transportava 76 pessoas rumo a Medellín, na Colômbia, caiu a quilômetros do aeroporto por falta de combustível.
Ao todo, 71 pessoas perderam a vida no acidente, incluindo jogadores, técnico, dirigentes, auxiliares, jornalistas e cinegrafistas de diversos veículos de imprensa. A partida que a Chape disputaria contra o Atlético Nacional era válida pela final da Copa Sul-Americana.
O título foi concedido à equipe catarinense, que agora luta para reconstruir o elenco e retomar as atividades em 2017, disputando pela primeira vez a Copa Libertadores da América.
Entre os sobreviventes estão o zagueiro Neto, evangélico, o lateral Alan Rushchel e o goleiro Jackson Follmann, que teve parte da perna direita amputada por causa dos danos sofridos no acidente. O jornalista Rafael Henzel, radialista de uma emissora de Chapecó, é o outro brasileiro que sobreviveu. Além desses quatro, estão dois bolivianos, que faziam parte da tripulação da companhia aérea Lamia.
Pokémon Go
O jogo de realidade aumentada disponível para smartphones causou o maior rebuliço ao redor do mundo e gerou reações opostas no meio cristão.
Alguns líderes evangélicos classificaram o jogo como satanista, por causa da origem de seu nome, que é a junção de duas palavras em inglês, pocket monster, que significam “monstro de bolso”. Pokémon, a série de animação, já era uma antiga “inimiga” de parte dos líderes evangélicos, e essa relação conflituosa retornou com o jogo.
Como a popularidade do jogo de celular beirou o absurdo, algumas igrejas foram no sentido contrário da reprovação, e abriram seus templos para que os jogadores usassem o espaço para caçar os personagens que deveria capturar. Nisso, uma ação de evangelismo inteligente se formou, e muitas pessoas que jamais haviam pisado em um templo, tiveram a oportunidade de se divertir com o jogo e também serem abordadas por voluntários, que falaram sobre Jesus e fizeram convites para cultos e encontros.
Boicote
Ana Paula Valadão, a cantora e pastora líder do Ministério Diante do Trono, ligada à Igreja Batista da Lagoinha, manifestou sua indignação com a rede de varejo da moda C&A nas redes sociais, após a empresa veicular um anúncio de sua coleção sem gênero, voltada a homens e mulheres.
A ideologia de gênero é um dos temas mais espinhosos para os cristãos como um todo, pois além de se opor ao que a Bíblia Sagrada ensina a respeito das diferenças entre homem e mulher, também traz uma abordagem erótica à educação infantil. Diante disso, Ana Paula Valadão protestou de forma contundente contra a campanha da C&A, convocando seus seguidores nas redes sociais a boicotarem a empresa.
A iniciativa da cantora foi respondida por internautas não-cristãos de forma intensa, com ofensas e duras críticas. No próprio meio evangélico, houve quem discordasse da proposta da cantora mineira, o que gerou desconforto ainda maior.
Após a perda de sua avó, dona Theonila, poucos dias depois da polêmica iniciativa de boicote, Ana Paula Valadão publicou uma foto com a mão sobre o corpo da matriarca no caixão, o que gerou nova onda de críticas à cantora.
Diante disso, Ana Paula Valadão decidiu se exilar das redes sociais, e atualmente, vivendo nos Estados Unidos, suas páginas expõem apenas conteúdos ligados ao ministério Diante do Trono, como agenda de shows e reflexões.