O pastor Telmo Martinello está lançando o livro Seja Homem, com a proposta de oferecer reflexões que ajudem a reconstruir a percepção correta da masculinidade em um mundo cujas ideologias mais ruidosas elegeram esse papel como um vilão.
Publicado pela Editora Vida, o livro Seja Homem se propõe a dialogar com “homens que desejam se conectar de uma forma mais profunda com Deus, pessoas em busca de crescimento espiritual, material e da prosperidade nos meios de convivência”.
Martinello concedeu uma entrevista exclusiva ao GospelMais para falar sobre os conceitos presentes na obra, suas propostas e objetivos. Confira:
GospelMais: Considerando que o papel do homem na família tem sido cada vez mais atacado, como você enxerga a importância do seu livro nesse contexto?
Telmo Martinello: “Acredito que o livro venha a ser uma ferramenta, não uma resposta pronta, mas reflexões diretivas bíblicas para que o homem possa assumir seu papel, sua postura, seu sacerdócio, seu chamado, sua vocação a partir da sua família. Assim, naturalmente, se reposicionar também, na igreja, na sociedade e em todas as esferas que exigem e têm importância da sua posição, do seu papel, do seu chamado”.
GospelMais: Em uma geração onde se fala muito sobre “masculinidade tóxica”, como distinguir o significado de “ser homem” à luz da Bíblia, sem que isso resulte no entendimento equivocado da ideologia feminista moderna?
Martinello: “A masculinidade tóxica é uma palavra moderna para o machismo. Machismo é um excesso, é um extremo. Todo extremo vai provocar outro extremo. Todos os extremos têm abismos. O feminismo é um grito de resposta ao machismo, ou à masculinidade tóxica.
Acredito que a melhor forma de se posicionar, de trazer uma verdade, não é atacando algo que, necessariamente, não seja certo. A melhor forma de denunciar um prédio torto é construindo um reto. Então, a intenção do livro, creio que o Senhor tem nos chamado esses dias, para posicionar o homem corretamente. Não atacar aquilo que está errado, mas posicionar aquilo que é certo. Quando algo que é correto é levantado, você denuncia o que está torto sem necessariamente atacar. O feminismo é um grito, uma expressão, um “por favor, tem algo errado”. Realmente o machismo, a masculinidade tóxica, são extremos onde o homem é colocado em uma posição de superioridade, não em uma posição diferente. Existe uma diferença entre estar em uma posição diferente e estar em uma superior. O homem não é superior, o homem é diferente, tem funções diferentes, chamados diferentes, vocações diferentes, seja numa família, seja individualmente ou em uma sociedade”.
GospelMais: Acredita que a sociedade atual vive uma crise de identidade masculina dentro dos lares?
Martinello: “Sim, essa crise de identidade, não só masculina, mas feminina, resulta de uma desestrutura familiar. A família é a base de qualquer sociedade. A base civilizatória e a partir daí o casamento, a família. Uma família doente, uma sociedade doente, a igreja doente todas as esferas sofrem.
A paternidade, a ausência do pai e uma paternidade saudável resulta em filhos e famílias desestruturadas que vão gerar sociedades desestruturadas. Quando um pai, por exemplo, se ausenta da casa, vai gerar sequelas e lacunas que só o pai pode dar. O pai tem poder de dar destino, limite e proteção. Quando um pai sai de casa os filhos crescem sem destino, sem limites e sem proteção. Isso abre espaço para tantas coisas. Pregando por muitos anos em presídios e clínicas de recuperação, observei que a taxa de orfandade nesses lugares é entre 90% e 95%. Logo, percebo que a falta de paternidade gera um buraco onde drogadição, outros males e inimigos acabam ocupando esse espaço.
Naturalmente, a falta de identidade gerada pela desestrutura familiar, pela disfuncionalidade do homem e da mulher gera sequelas violentas tanto no homem quanto na mulher”.
GospelMais: Há um movimento secular de oposição ao feminismo que vem ganhando contornos de radicalismo contra as mulheres, com alguns homens passando a desprezar a figura feminina. Seu livro traz abordagens sobre esse outro extremo?
Martinello: “O propósito do livro não é atacar esses extremos. Mas, naturalmente, quando você cria um extremo, como eu falei antes, um outro extremo nasce. O propósito não é atacar um extremo, é trazer equilíbrio. A virtude está no meio. Quando o homem pôs o seu nome corretamente, ele vai se posicionar como protetor, salvaguarda, por exemplo, da mulher. Ele não vai atacar, nem desprezar. O ataque ou o desprezo são dois extremos. O contrário do amor não é necessariamente o ódio, é o desprezo.
Então, quando o homem está posicionado corretamente, ele vai entender sua função, seu chamado, sua vocação, seu sacerdócio e o cuidado que ele vai ter com a sua família, com a sua esposa, com as mulheres, com tudo o que está na sua mão, com os seus jardins que Deus lhe confiou para cuidar. Todos eles vão florescer, porque ele entendeu seu lugar. O objetivo não é atacar nenhum extremo, mas posicionar corretamente o homem no seu lugar. Acredito que o homem posicionado corretamente pode mudar uma geração”.
GospelMais: De que forma o seu livro pode contribuir para fazer com que os homens cristãos tenham maior consciência sobre a responsabilidade de ser exemplo para os filhos?
Martinello: “A palavra convence, o exemplo arrasta. A intenção do livro é colocar e fazer com que os homens percebam seu lugar de exemplo, de modelo. Quando um homem protege sua esposa, ele está dando exemplo. Quando ele ama sua esposa, ele está formando seus filhos. Quando ele protege sua esposa, ele coloca padrões. A postura correta vai gerar modelo. Nossos filhos não vão fazer aquilo que nós dissermos para eles fazerem, eles vão fazer aquilo que vão ver a gente fazendo.
Então, a intenção, o meu propósito para escrever esse livro, é dizer para o homem: ‘Homem, seja homem! Deus te fez homem. Deus te deu características, funções, missões, honras, privilégios, responsabilidades, para que você possa exercer essa função tão nobre com hombridade e com caráter’. Acredito que nós vamos gerar filhos saudáveis. Filhos saudáveis vão tocar e vão influenciar uma sociedade. Por isso, acredito que um homem posicionado pode influenciar realmente sua geração a partir da sua casa”.