A valorização de revelações e profecias no meio pentecostal leva a ocorrências de decisões equivocadas e consequentes frustrações emocionais e espirituais. O pastor Silas Malafaia escreveu um artigo sobre o assunto, e criticou a valorização excessiva que algumas igrejas dão a essas manifestações.
“De vez em quando, costumamos ouvir relatos do tipo: ‘O profeta fulano de tal disse que eu deveria abandonar meu emprego, e ir para outro país servir a Deus como missionário. Eu obedeci, e todas as portas se fecharam para mim’; ou ‘a irmã Doquinha profetizou que eu deveria casar com aquele rapaz. Então, terminei o meu noivado com o homem que eu amava, e agora estou sozinha e amargurada’”, introduziu o pastor.
No preâmbulo, Malafaia afirma que “se esses irmãos incautos tivessem um conhecimento mais profundo das Escrituras e um relacionamento mais próximo com o Senhor, discerniriam o engodo desses falsos profetas”.
Segundo o pastor, “quando Deus chama alguém para o ministério, Ele confirma isso de várias formas, pela boca de várias pessoas e pelo testemunho do Espírito em nós. Ele também abre a porta da Palavra e sustenta espiritual, emocional e materialmente Seus servos”.
A respeito da questão conjugal, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) ressaltou que “embora o Senhor possa dar-nos sabedoria e discernimento na escolha do nosso cônjuge, somos nós quem decidimos com quem iremos casar, e não Ele”.
“Nem os pais, nem psicólogos, médicos, pastor ou ‘profeta’ podem tomar qualquer decisão no lugar do outro. Ninguém, mesmo que tenha o dom de profecia e tenha recebido uma revelação quanto a algum fato da vida de outra, possui autoridade para dizer com quem esta deve casar-se”, frisou.
“O máximo que pode fazer é compartilhar a informação, especialmente se tal pessoa corre o risco de unir-se a alguém perigoso. Deus, que é onisciente e Senhor da nossa vida, não escolhe com quem devemos casar! Por que outra pessoa deveria? Sabe por que Ele não escolhe por nós? Porque nos deu o livre-arbítrio, respeita as nossas decisões e vê-nos como responsáveis por elas. Além disso, o amor é algo voluntário. Sendo assim, somos nós que escolhemos a quem doá-lo”, escreveu Malafaia.
É importante, segundo o pastor, observar que “as revelações, visões e profecias que Ele concede à Igreja têm um propósito específico e devem estar em harmonia com o que Ele já revelou em Sua Palavra”, e que o contrário disso é arriscado.
“Não estou afirmando, contudo, que Deus não possa usar algum ‘vaso’ Seu para falar conosco. Não sou um agnóstico. Não creio apenas no que a razão humana pode inferir. Sei que Deus pode falar conosco e revelar fatos importantes por meio de revelações e experiências espirituais tremendas. O que estou dizendo é que não devemos desprezar a orientação do Senhor já revelada na Bíblia, apoiando-nos tão somente no dom profético de alguém. O cristão não deve trocar os ensinamentos bíblicos por nada”, insistiu o pastor.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+