A luta contra o Estado Islâmico, grupo terrorista que promoveu diversos ataques pelo mundo nos últimos anos, inclusive aos Estados Unidos, fez com que o Governo americano intervisse na Síria, na fronteira com a Turquia, para combater o avanço dos radicais e eliminar os responsáveis pela onda de violência em nome da “jihad” (“guerra santa muçulmana”).
Os curdos, uma etnia com cerca de 30 milhões de pessoas no mundo, sendo metade residente na região fronteiriça entre a Turquia e a Síria, se tornaram aliados dos Estados Unidos na guerra contra o Estado Islâmico. Eles são os responsáveis pela manutenção de cerca de 12 mil terroristas presos no Nordeste do país.
Com o anúncio da vitória sobre o Estado Islâmico no início desse ano, o presidente Donald Trump resolveu ordenar a retirada do Exército Americano da Síria. O magnata reiterou sua decisão em um Twitter recentemente, segundo a BBC.
“Vamos combater onde tivermos benefício, e apenas combater para vencer. Turquia, Europa, Síria, Irã, Iraque, Rússia e os curdos agora vão ter que solucionar essa situação e (decidir) o que fazer com os combatentes do Estado Islâmico capturados em sua ‘região’. Todos odeiam o Estado Islâmico, são inimigos há anos. Estamos a 7 mil milhas de distância e vamos destruir o EI novamente se eles chegarem perto de nós novamente!”, escreveu Trump.
A retirada do Exército Americano da região, no entanto, fez com que a Turquia, chefiada por Recep Tayyip Erdogan, iniciasse uma série de ataques na região sob o domínio curdo, no Nordeste da Síria, com a intenção – supostamente – de criar uma “zona neutra”, entre os dois países.
Com os ataques, no entanto, muitos acreditam que os terroristas islâmicos podem ser beneficiados. Às Forças Democráticas Sírias (SDF, sigla em inglês), por exemplo, emitiu um comunicado através do seu Oficial Sênior, Redor Xelil, alertando sobre esse risco.
“A invasão turca não está mais ameaçando o renascimento do Daesh (Estado Islâmico), mas já o reviveu e ativou suas células em Qamishli e Hasaka e em todas as outras áreas”, afirmou Xelil, segundo a Exame. “Ainda estamos cooperando com a coalizão internacional para enfrentar o Daesh, mas agora, estamos lutando em duas frentes: uma contra a invasão turca e uma contra o Daesh”.
No meio dessa guerra de interesses geopolíticos, os militares cristãos curdos recorrem à fé em Deus para lidar com o conflito. Em sua página oficial no Twitter, a FDS descreve uma foto, onde um soldado beija a Bíblia Sagrada, da seguinte maneira:
“Soldados cristãos dentro das Forças Democráticas Sírias na igreja de Derik, em Al-Malikiyah, antes de ir para as linhas de frente para defender seu território contra ataques turcos”.
Como forma de retaliação pelos ataques de Erdogan, os Estados Unidos anunciou sanções econômicas ao Governo turco, esperando dessa forma proteger, ao menos diplomaticamente, os curdos.
“O presidente autorizou e assinará um novo decreto executivo que dá ao Departamento do Tesouro (o poder de impor) sanções novas muito significativas que podem ser destinadas a qualquer pessoa vinculada ao governo da Turquia”, anunciou em entrevista coletiva o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, depois de se reunir com Trump na Casa Branca.