O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, estaria em campanha junto a lideranças evangélicas para que seu nome seja apoiado pelos pastores próximos ao presidente Jair Bolsonaro como o próximo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Como uma sinalização de sua aproximação com o segmento evangélico, Augusto Aras passou a se posicionar publicamente a favor da reabertura dos templos religiosos, assim como a liberação para realização de cultos presenciais.
No próximo 12 de julho, Marco Aurélio Mello, decano do STF, completará 75 anos de idade e será aposentado de forma compulsória, abrindo uma nova vaga no colegiado.
O responsável pela indicação do substituto será o presidente Jair Bolsonaro, que já indicou Kássio Nunes Marques em 2020 para o lugar de Celso de Mello, aposentado por invalidez dias antes de completar a idade limite.
Desde o primeiro ano do governo, Bolsonaro vem dizendo que uma das vagas no STF que seriam abertas durante seu mandato receberia a indicação de um jurista “terrivelmente evangélico”.
Há um movimento entre lideranças das igrejas que defende o nome do ministro da Justiça e Segurança Pública, pastor André Luiz de Almeida Mendonça.
Augusto Aras
A campanha do procurador-geral da República vem sendo reportada pela grande mídia nos últimos dias. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, uma pessoa próxima relatou que Aras ponderou aos procuradores-gerais de Justiça que a decisão é de competência das autoridades sanitárias e segue critérios técnicos.
Na mesma conversa, o PGR teria dito ainda que o MP não deve assumir a responsabilidade política de governadores e prefeitos por suas decisões, nem intervir inadequadamente a favor ou contra o fechamento dos templos.
O pastor Silas Malafaia afirmou que ele e o bispo Abner Ferreira foram recebidos por Augusto Aras em seu gabinete no dia 15 de março para uma reunião não oficial, e que nessa ocasião o PGR se posicionou contra o fechamento dos templos.
“Nessa reunião, ele declarou o que está na Constituição. Primeiro, lugar de culto é inviolável, ninguém pode fechar ou impedir um culto religioso. Segundo, que as religiões cumprem um papel que o Estado não consegue, têm um papel terapêutico nessa história. A fé atua em áreas que um médico não atua. Então, [Aras disse] que era um absurdo por violar um preceito constitucional e a prática de um povo, que 95% têm alguma religião”, relatou Malafaia.
Sobre o pedido do PGR para o MP ficar de fora da disputa pela reabertura dos templos, Malafaia disse ter ouvido boas notícias: “Ele disse para mim que apenas um procurador se contrariou, todos os demais concordaram com a fala dele. Essa foi a palavra dele, que acha um absurdo, uma afronta”, relatou Malafaia.
A assessoria de imprensa do PGR confirmou o encontro com Malafaia e Ferreira, mas limitou-se a dizer que na ocasião “foram tratados temas de interesse dos evangélicos”.