O Dia Nacional da Família, comemorado no dia 08 de dezembro, motivou uma rede de supermercados paulista a distribuir uma cartilha exaltando os valores morais conservadores e exaltando o casamento tradicional, entre homem e mulher. Porém, o material caiu nas mãos de ativistas gays e gerou enorme polêmica nas redes sociais.
A rede de supermercados Hirota, que atua no Grande ABC (região do estado formada pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul), distribuiu a cartilha “Formação de Valores”, com oposição à prática do aborto, da união entre pessoas do mesmo sexo e também à pregação feminista de ofuscação do papel masculino no casamento.
A respeito do aborto, o texto repudia a decisão monocrática do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), que liberou a prática do aborto até o terceiro mês da gravidez, dizendo que a decisão é uma insurgência acintosa “contra o mais sagrado dos direitos, o direito à vida”.
“A vida não começa a partir do terceiro mês, começa na concepção. O aborto, portanto, é um assassinato […] com requinte de crueldade. O aborto é transformar o ventre materno, o mais sagrado habitat humano, num patíbulo de tortura. É matar o fruto do ventre. É matar um ser indefeso”, acrescenta o texto na cartilha do supermercado Hirota.
No capítulo “Os pilares do casamento”, o material se coloca em oposição à homossexualidade e define o casamento gay como uma “distorção da criação”: “O casamento homoafetivo está na contramão do propósito divino e não pode cumprir seu propósito. A relação carnal entre homem e homem e mulher e mulher é antinatural, é um erro, uma paixão infame, uma distorção da criação’, define o texto.
Na oposição ao feminismo, mais uma vez a cartilha do supermercado reforça a visão cristã sobre o casamento, ressaltando o princípio de submissão da esposa ao marido: “A submissão não é de gênero. A mulher deve ser submissa a seu próprio marido e não ao gênero masculino. Submissão ao marido não é a esposa ser desprovida de vez e voz. A mulher não é capacho do marido, nem escrava dele. Ainda, a submissão não é incondicional. A submissão da mulher a seu marido vai até onde sua consciência cristã não seja ultrajada”, salienta.
Reação
Nas redes sociais, a histeria comum ao ambiente logo se fez notar, com inúmeras críticas às ideias apresentadas na cartilha: “Eu não volto mais àquele lugar. Eu não financio homofobia. Não financio transfobia. Não financio bifobia. Não financio desrespeito“, escreveu Vanessa Camargo, segundo informações da revista Veja.
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Imediatamente após a repercussão, o Hirota publicou uma nota em sua página oficial do Facebook, desculpando-se pela polêmica gerada.
“O Hirota Food Supermercados lamenta qualquer transtorno que tenha causado pela distribuição da cartilha da família. Reiteramos que em momento algum tivemos a intenção de polemizar, ofender ou discriminar qualquer forma de amor. Em nossos valores não há nenhum tipo de preconceito em relação à gênero, religião ou raça. Atendemos todas as famílias da mesma forma, com a mesma humildade e carinho. Nossas sinceras desculpas a todos”.