Suzane von Richthofen se tornou uma das figuras mais detestadas da sociedade brasileira ao ser condenada em 2006 a 39 anos pelo assassinato dos pais . Agora, onze anos depois da sentença, uma informação sobre sua fé parece não vir acompanhada de boatos: quer ser missionária.
De certo que é alguém com “história para contar”, já que se realmente se converteu ao Evangelho, deve ter muitas reflexões a compartilhar sobre o arrependimento de ter tramado – e executado – um plano para tirar a vida dos próprios pais.
O pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular de Itapetininga (SP), Euclides Vieira, o responsável por aconselhar Suzane em sua trajetória rumo ao ministério missionário, concedeu uma entrevista ao portal G1 e afirmou que entende que todas as pessoas merecem uma nova oportunidade, caso façam por merecer. E um colega ministerial concorda.
“Todas as pessoas merecem uma segunda chance. Claro que vamos procurar saber se realmente ela mudou, fazer um acompanhamento pastoral e ver que não é um teatro e, sim, que é algo verdadeiro. O pastor que está próximo dela vai saber diferenciar”, afirmou o pastor Davi Rodrigues, membro do Conselho Nacional de Diretores da Igreja Quadrangular.
Rodrigues frisou que, para isso, no entanto, ela terá uma longa jornada: “Ela só poderá ser missionária se passar por todos os procedimentos. Há o curso, entrevistas, indicação e uma série de requisitos”, sublinhou.
Euclides Vieira relatou que tomou contato com Suzane através de seu noivo, Rogério Olberg, ano passado, e passou a aconselhar o casal sobre o interesse de ingressar nessa jornada ministerial. O pastor observou que conhece Rogério desde 2005.
“Eu conheço o noivo há mais de 10 anos, pois ele é membro da nossa igreja em Angatuba e sempre o aconselhei pastoralmente. Sei sobre o relacionamento dele com Suzane e da forma como ele a evangelizou por meio de cartas. Foi então que em 2016 a conheci e posso dizer que conheci uma Suzane diferente da que imaginava”, contou.
“Na última saída temporária, no Dias das Mães, ela falou firme e olhou nos meus olhos afirmando sobre o desejo de ser missionária. Falou franca comigo que queria falar de Deus para as pessoas e de como mudou. Eu disse que iria apoiar e indicar o caminho. Prepará-los”, acrescentou Vieira.
No entanto, a advogada Jaqueline Ferreira, que presta assistência legal a Suzane, negou que sua cliente tenha intenção de ser missionária. Ainda assim, o pastor Vieira sustenta que a detenta está se empenhando para compartilhar seu testemunho em igrejas Brasil afora.
“A Suzane passou a frequentar os cultos que a Igreja Quadrangular faz na cadeia e até foi batizada. Eu acredito no poder de Deus, de que ela tenha sido liberta. Ela merece uma segunda chance. Todos merecem. Eu não a critico. Eu acolho. Eu conheci histórias de pessoas que mudaram e por que ela não pode também? Deus perdoa se ela se arrependeu”, pontuou.